terça-feira, 25 de novembro de 2008

Chávez do Armário

As recentes eleições regionis e autárquicas venezuelanas deixaram-me a ruminar em três pontitos. Primo, a nossa abençoada Imprensa insistir em que os candidatos do partido do Presidente Chávez perderam nos estados mais ricos. Parece que querem dizer que a plutocracia levou de vencida os descamisados, ou antes, os depauperados camisas vermelhas Bolivaristas, quando o que se verifica é que a diminuição de votos ocorreu, sobretudo, nos subúrbios das grandes cidades, entre as populações menos abonadas.
Secondo: Há aliás um equívoco na imagem que se dá de Chávez, paralelo ao da consagração popular de Robin Hood. Faz-se de ambos uma reedição da figura do Zé do Telhado, roubadores de ricos para dar aos pobres. Ora, no caso do Britânico, o conflito subjacente estava muito mais próximo do que fundamentou o ideário Nacional-Socialista, com os Saxões pintados em tons mais claros, em luta contra os Normandos, vindos do Exterior, que se teriam apropriado da riqueza e do Poder. Repare-se que os aristocratas saxónicos que subsistiam nunca são descritos depreciativamente, enquanto que dos da outra cultura só se salva Ricardo Coração de Leão. Da mesma forma, o Político Sul-Americano encarna muito mais um revanchismo índio, que vem à tona em momentos de espontaneidade como a primeira reacção à reprimenda do Rei de Espanha. É esta característica que me parece explicar a simpatia que denota por Obama, um desforço da "pureza branca", quando muito me surpreenderia que ela fosse recíproca. E o discurso anti-predomínio dos anglo-americanos tem muitas semelhanças com o de Hitler, salvo nos momentos em que tentou entendimentos com eles, que lhe deixassem rédea solta. Tertio -Por último, o tamanho da constituição instrumental que o derrotado do fim de semana brandia. Comecei por estranhar a dimensão microscópica, mas, depois, percebi: é tentame de induzir as pessoas na confiança de que as alterações que quer fazer passar são mínimas...

7 comentários:

Unknown disse...

Eu atrever-me-ia a dizer que tudo se baseia em mitos: o mito da raça (ou da pele), o mito dos pobres, o mito da "dignidade indígena"...
Não esquecer que a formação do Chavez é essencialmente militar e que foi um aluno brilhante da Escola de Guerra.

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Francisco,
sim, mitos, até no sentido Soreliano de ideias mobilizadoras. E como oficial das forças de Elite claro que o Coronel Chávez aprendeu muito sobre como fazer mover os homens que comandava...
Abraço

Anónimo disse...

Eu virei fã do Rei Juan Carlos da Espanha. "Por que não te calas, Chávez?" Trata-se de um bufão que, juntamente com seus pares na América Latina -incluo o molusco que governa o Bananão, quer deixar isso aqui mais desimportante do que já é. Dá uma preguiça, Paulo...
Prefiro mandar meus beijinhos pra você, confesso. ;)

Anónimo disse...

Na Revolução Cultural o livrinho era vermelho. É tudo uma questão de tonalidades.

Abraço.

Anónimo disse...

Esta mañana se ha comentado en la Radio que Hugo Chávez (Venezuela), como Manuel Chaves (Andalucía), gana en las zonas rurales y pierde en las capitales de provincia........

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Marie,
ora bem, ao menos eu não sou presidenciável, como fazia questão de anunciar no perfil`na barra lateral dos meus primeiros blogues.

Meu Caro Mialgia,
com efeito, a dimensão do livreco desperta reminiscências. É curioso é como o azul dá para isto. Agora, a Sua frase pde ser entendida como uma adesão para breve ao SLB?

Ahahahaha, Caro Filomeno! É que as chaves só servem para abrir fechaduras, não portas abertas.
Mas no caso venezuelano é grave para o próprio, porque os subúrbios não só davam votos preciosos, como voluntários para a luta de rua.
Beijinhos e abraços

Anónimo disse...

Mas olhe que o vermelho deu para muito pior. Mais milhões que adeptos do Seu Clube.
Registo a louvável tentativa, mas como técnica (outra vez a técnica!) de vendas não me seduz.

Abraço.