sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Preto, Para Além da Circunstância

Já em anterior momento referi o embaraço em que me atolei por causa das conotações do claro-escuro na nossa linguagem. Esqueci-me todavia de abordar um ponto de actualíssima solicitação. Nos Estados Unidos o dia que se segue à Quinta-Feira de Acção de Graças, o de hoje, no ano presente, é chamado Black Friday, a partir da coloração contabilística que regista prejuízos a Vermelho e lucros a Negro. Parte-se de uma constatação de comportamentos tradicionais para uma esperança dos Comerciantes, traduzida em ver chegar o dia da corrida dos compradores às lojas, no início da época Natalícia. Algo positivo, por ninguém contestado.
A própria instituição da Acção de Graças, evocando uma ceia de gratidão para com Deus para com os Índios que ensinaram certas formas de cultivar a terra, transmutou-se naquilo que tendemos por cá a concentrar no Natal, o retorno ao convívio de Pais e Filhos, numa dimensão muitas vezes mais difícil do que a que do nosso lado predomina, em função das dimensões continentais do País. Ao Natal fica cometido um estatuto de festa de crianças, com a obrigatoriedade de consumo e desperdícios festivos, mais próximo do espírito do nosso Ano Novo.
Durante muito tempo pensei a adulteração da mensagem religiosa do Menino nascido ns palhinhas como mais uma manifestação do pior infantilismo materialista dos Norte-Americanos. Porém, observando a cada vez maior padronização aquisitiva e profana com que enformamos a Celebração Natalícia, second thoughts me ocorrem: a separação radical entre os dois tipos de comportamento não estará um passo à nossa frente, desprovidos que nos encontramos dessa válvula de segurança?

4 comentários:

Anónimo disse...

A Acção de Graças deste ano até reabilitou Bush porque perdoou dois perus em vez de um.

LADY-BIRD, ANTITABÁGIKA, FÃ DO JOMI LOL E JÁ AGORA DOS NOSSOS AMIGOS ANTI-TECNOLOGIAS: MARCHANTE (se não existissem tinham que ser inventados) disse...

Black Friday???????????????????? Oh my God!!!!!!!!!

Paulo, não se endireita o Mundo...
beijinho

Maria de Fátima Filipe disse...

Pois nesta Black Friday morreu um empregado de uma loja submerso pela furia e alienação consumista conjugada com os efeitos da crise que queima os bolsos dos consumidores... ao que chegamos querido Paulo...

beijinho

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Rudolfo,
devia ser um casal e assim entrou no Politicamente Correcto.

Isso tudo é consumismo chamado à real, Querida Lady Bird?

Esse, Querida Ariel, é que se pode queixar da crise: da que o vitimou, como da que deu origem àquela, por não ser tão grande que tivesse moderado o fluxo de compradores.
Beijinhos e abraço