quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A Kiss Is Still a Kiss?

Debruçando-me sobre esta imagem extraordinária, não consigo deixar de pensar que, para muita gente, o Amor não significa estar no mesmo barco que o Amado...
As más notícias estão em essa acepção passional se dissolver como o fumo.

23 comentários:

Gi disse...

A kiss is but a kiss.

Eu adoro beijinhos e abracinhos e em barcos diferentes não dá assim muito jeito.

Gi disse...

E enjoo se estiver num barco, o que também não dá jeito nenhum. ;)

Luís Serpa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Serpa disse...

Caro Paulo, sendo o mote o que é não resisto, como imagina.

Por um lado, amor não é - não deve ser - "estar no mesmo barco": um barco é uma prisão, a mais eficaz de todas as prisões. Amor prisioneiro não é amor - donde tantos divórcios, creio (mas não garanto. A minha experiência infirma esta hipótese; mas não sei se não será a excepção etc.).

Além de que na imagem o que vejo são dois navios que se amam - prática comum na espécie, repare. Os navios amam-se, todos, mesmo os de guerra e com a notória excepção dos de piratas (que de qualquer forma não são navios, são coisas que flutuam e se deslocam na água, o que é diferente).

Já quanto à evanescência das paixões, estou de acordo consigo. Graças a Deus, e à evolução, acrescento. Já viu o que era vivermos para sempre com o insustentável calor das paixões? Já basta termos (aqueles que de entre nós foram abençoados, ou amaldiçoados, com o peso delas) de viver com aquilo que delas nos fica: a memória, a dúvida e - em alguns casos - a esperança. Três coisas que, de tão ambivalentes, dispensaria. Se pudesse, claro.

E com isto lhe deixo um abraço cordial.

Patti disse...

Querido Paulo, no meu caso temos barcos completamente diferentes e um é mais de rios e correntes doces e o outro de mar salgado e correntes bravas, só que com o relevantíssimo pormenor, que atracam no mesmo porto e na mesma hora.

O que seria de nós, andando no mesmo barco, se ele naufragasse?
Não. Cada um percorre o caminho à sua maneira e encontram-se depois no cais.

Maria de Fátima Filipe disse...

Querido Paulo, amor e paixão podem ser tudo e o seu contrário como disse Camões é um contentamento descontente e está tudo dito, no mesmo barco ou em barcos diferentes
beijinho

cristina ribeiro disse...

Por mais que os barcos andem a velocidades diferentes, há-de, forçosamente, haver um abalroamento pacífico e a contento dos tripulantes ( não, não vejo contradição nos termos),ou então é outra coisa, como já tinha opinado lá na casa do Mike.
Beijo

margarida disse...

Neste momento só me apetece exclamar:"Que lindo..."
Que imagem divinal...
O bom gosto do Paulo é inexcedível!
Amar é estar junto.
Tem de ser, ou 'morre-se'...
(parece que ela é que se inclina, ansiosa.... e ele até 'recua' um bocadinho, ou é de mim?!...)

LADY-BIRD, ANTITABÁGIKA, FÃ DO JOMI LOL E JÁ AGORA DOS NOSSOS AMIGOS ANTI-TECNOLOGIAS: MARCHANTE (se não existissem tinham que ser inventados) disse...

Caro Paulo,
No amor ambos estão no mesmo barco mas têm que olhar na mesma direcção, ou então está tudo perdido...
O Amor deixa uma pessoa completamente descontrolada e desorientada se nos falta o ser amado,
e feliz e completa quando está do nosso lado...
o Amor é tramado.
era bom que se dissipasse como fumo...mas isso não acontece quando o amor é verdadeiro e puro.

Beijinho

Mike disse...

Um bocado ao jeito de longe da vista, longe do coração, caro Paulo?
Abraço.

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

a imagem é um bocadinho surreal,melhor dizendo um bocadinho artificial, Querido Paulo. :-)

Quanto ao paralelismo, não é bem assim.

Pode amar-se estando em barcos diferentes e durante décadas, digo-lho eu. :-)

bem querer

Luísa A. disse...

A minha experiência é muito limitada, Paulo, mas qualquer coisa me diz que, passada a fase da paixão avassaladora, pode haver vantagem para o amor num percurso em barcos diferentes, com paragens mais ou menos frequentes no mesmo cais. Pela minha parte, aprecio – e preciso - da calma, do sossego ou da «monotonia» da vida familiar clássica. Mas penso, às vezes, que pertenço a uma minoria cada vez mais minoritária. E uma emoção continuada talvez requeira algum distanciamento.
P.S.: Muito interessante a interpretação do Luís, do amor entre navios. E a excepção dos piratas.

Marie Tourvel disse...

Duro mesmo é sentir saudades, Paulo, querido.

Um beijinho na ponta de seu nariz. ;)

Luís Serpa disse...

PS - Tentei encontrar uma das minhas interpretações favoritas do "As time goes by", a da Chris Connor. Infelizmente ainda ninguém - pelo menos encontrável em menos das 4 horas e 25 minutos que passei a tentar - a pôs no Youtube.

Se não tiver o CD, empresto-lho de boa vontade. A mistura de Chris Connor com Hank Jones é ligeiramente menos do que irresistível, e um bocadinho acima do indispensável.

fugidia disse...

E se este momento é apenas o encontro de dois barcos, o momento do enamoramento, Paulo?
:-)))

CPrice disse...

dois navios tal como dois jardins Meu Amigo .. sintonia de sentires, objectivos dispares mas o bem? o mesmo, comum.

;)

Bom fim-de-semana *

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Gi,
pois não, comviria estar sempre com colete salva-vidas, para o caso de os beijoqueiros se esticarem demasiado... e essas protecções ameaçam obstruir o que não devem...
Eu, depois de uma infância passada pparcialmente a bordo de um barqueco que tresandava a óleo e tinha a estabilidade dos casamentos da Eizabeth Taylor, estou pronto para qualquer balanço.

Meu Caro Luís,
é curioso, a minha leitura não ia para amor entre barcos, mas para o do que se eleva acima deles. O das embarcações passria por afagos de cascos...
Mas o Amor é uma prisão, a mais doce delas. Se eu tivesse um lema, ele poderiabem ser "a única liberdade que importa é a de escolher as próprias prisões". E os divórcios, quando o Amor subsiste, identifico-os mais com uma canalização da Impaciência típica do sentimento pssional para a direcção errada...
Gostaria muito de ouvir a música, claro.

Querida Patti,
mas esse entendimento não será Lui Même, um barco comum? Lembrou-me um verso célebre de Apolinaire, em que uma voz amorosa masculina diz para a Contraparte que ela é o respectivo ancoradouro...

Querida Cristina,
dependendo dos pbstáculos, pode-se comprar uma passagem de casal, ou fazer a ligação por um escaler. Mas o Luís dirá que um choque entre navios só pode dever-se a imperícia...

Querida Margarida,
foi para contrariar certos diagnísticos lamentosos expressos pela mesmíssima Amizade que faz o favor de aprovar o presente.
Sim, ela é mais arrebatada, confiante, talvez. Mas o medo dele será Dela, ou de si próprio?

Querida Lady Bird,
Claro que não há fumo sem fogo. E se muito do primeiro é espalhado pelo vento, é sempre prematuro considerar apagada a caldeira, a partir dessa constatação...
Quanto a olharem na mesma direcção, há momentos. Mas outros há em que têm de o fazer na inversa, para se encontrarem...

Pensei mais em cada um dizer para o outro
"deixas-me a fumegar, mas quero inspirar-te como me inspiras", Meu Caro Mike.

Querida Júlia,
viva o artificialismo da Arte, fora o das relações humanas!
E serfeliz nesse Apartheid, Querida Júlia?

Querida Luísa,
pois a mim tanta confusão mefazem as férias do sentir, como as da bifurcação da expressão dele...

Querida Marie,
realmente, é quase de tamanho suficiente para chegar Aí e receber o ósculo.
Obrigado pela assimilação deste blogue («Duro...»)ao sentimento nacional.

Querida Fugi,
pode cingir a esse instante, se Se reportar apenas ao que sai das chaminés. Mas veja o casal na praia, não acha que lhes ficará para sempre gravado na memória esse sinal?

Querida Once,
Tanto no ímpeto como nos que testemunham vejo a ânsia de dar o salto, nem que seja o qualitativo!
Beijinhos e abraços

Anónimo disse...

Sim, estar no mesmo barco, mas volta e meia é necessário ir a terra (não há aqui qualquer malícia, juro!); caso contrário, acumula-se uma sensação de claustrofobia e de ar viciado e, quando menos se espera - ou talvez não - instala-se a monotonia, o conformismo, a habituação, as más rotinas. E esfuma-se tudo.

Vou deixar falar Quem Sabe destas coisas (vénia muito prolongada):

You'll love me yet and I can tarry
Your love's protracted growing:
June reared that bunch of flowers you carry
From seeds of April's sowing.

I plant a heartful now: some seed
At least is sure to strike,
And yield what you'll not pluck indeed,
Not love, but, may be, like!

You'll look at least on love's remains,
A grave's one violet:
Your look? that pays a thousand pains.
What's death? You'll love me yet!

Robert Browning

Abraço.

ana v. disse...

Vou responder-te citando uma letra de um cantautor que adoro, Joaquin Sabina (e com isto levanto já uma ponta do véu sobre o desafio que me lançaste):

"Amores que morrem, nunca matam. Amores que matam, nunca morrem."

(Não há Yeats nem Rilkes que digam melhor do que isto...)

PS: Ao contrário das palavras dos teus brilhantes comentadores, que são muito bonitas, acho a imagem horrível... sorry.

Beijinhos

Lina Arroja (GJ) disse...

A imagem é fantástica. Paulo, já reparou que o vento sopra para o mesmo lado? A rota é que importa e
convém que a tripulação não mude muitas vezes para manter a estabilidade nas diferentes águas navegadas.

ana v. disse...

Voltei para um segundo olhar a esta imagem que todos acham tão extraordinária e de que eu não gostei. Reparo que o que se passa nas nuvens poderá ser o desejo (talvez ainda não confessado) das duas figuras que estão na praia, ou só de uma delas.
Melhorou, com esta interpretação, mas continuo a não gostar da estética.

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Mialgia,
oh o velho Browning, se sabia! e a Mulher dele então...
Devo dizer que a expressão "estar no mesmo barco" me tinha ocorrido mais como uma sintonia global ds renúncias e partilhas do que como uma coincidência espácio-temporal. Mas admito que os dois campos se interpenetrem.

Querida Ana,
é evidente que tens todo o direito de não gostar. Indo ao encontro da interpretação que Tu sugeres, achas que melhoraria com um efeito algo magritteano dado por um título do género «Fumo Branco»?

Querida Grande Jóia,
e que os desembarques em cada escala sejam limitados, decerto.
A observação do vento está magnífica e acrescentaria a da alvura relativa do fumo, face aos tons mais carregados das nuvens em redor...
Beijinhos e abraço

António Conceição disse...

Ora, Ora, o amor é apenas a partilha de um ódio comum.