segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Dobrar a Língua

O Sr. Sócrates fez uma confusão. Apesar de os dicionários consagrarem o sentido de aproveitamento das condições favoráveis para o termo oportunismo, o uso reservou o vocábulo para a conduta que tira proveito de vicissitudes resultantes de condições estranhas à acção de qualquer dos contendores políticos. Como uma tragédia natural, ou uma escassez determinada por circunstâncias independentes de decisões do Poder, por exemplo. Assim, classificar o apoio de partidos da oposição à luta dos Professores como oportunismo não tem cabimento, talvez ele quisesse antes dizer que era oportuno, o que, como se sabe, vem sendo raro. Porque do que se tratava era da contestação de uma medida do seu governo, errada, como noutro lado já opinei.
Outra asneira é crismar de lógica corporativa a defesa dos direitos dos professores, a qual, até pela forma que tomou, está muito mais próxima do procedimento sindical, embora com uma amplitude bastante maior. É que Corporativismo é a defesa de posições profissionais tendente a evitar o conflito; e a manifestação deste fim de semana vai sendo prova provada de que os estigmatizados pela acção da Ministra Maria de Lurdes estão mais do que dispostos a dar luta.

11 comentários:

CPrice disse...

cheia de esperança eu a ler tudo até ao fim porque aquele artigo ali (uma) é deveras esperançoso .. (risos)
Uma?
Meu Amigo .. o Senhor Sócrates é Uma Confusão .. ;)

Vale-nos o seu discernimento para percebermos o quanto ..

Pedro Barbosa Pinto disse...

Sua Excelência o Senhor Primeiro-ministro Engenheiro José Sócrates (assim mesmo por respeito ao título do post) não andou a queimar as pestanas anos a fio para completar com distinção a cadeira universitária de inglês técnico, para ter agora que se preocupar com as minudências da língua portuguesa.
Com o advento desta maravilha que é o 1º computar Ibero-Americano de seu nome Magalhães e dado a inovações como ele é, quem sabe não venha até a propor, na próxima Cimeira, que o acordo ortográfico recentemente assinado com os países da CPLP evolua agora para a unificação das duas línguas. Tenho a certeza que se mandar de prenda de Natal ao Chavez um diccionário do nosso calão (pode ir em formato digital dentro do milhão de Magalhães que ele encomendou), pode contar desde logo com o seu apoio.
Arrisca-se é a que D. Juan Carlos de Espanha, sentindo-se (e com toda a propriedade) em casa no Estoril, lhe interrompa o discurso berrando-lhe em bom português: - “Porque não vais merda? E já agora aproveita e leva o teu amigo Chavez contigo.”

Anónimo disse...

A reacção do Grande Timoneiro é tão previsível. Gastou a imaginação toda na acção de vendas do Magalhães.

Abraço.

Gi disse...

Se ele dobrasse a língua, ainda morria envenenado; os culpados ainda seríamos nós.

Mike disse...

O Sr. Sócrates tende a fazer confusão quando mais lhe convém, caro Paulo. Dois pesos, duas medidas até no que diz respeito a corporativismo. Para além de confuso, revela pouca ou nenhuma memória.
Abraço.

Patti disse...

A palavra oportunismo é-lhe tão inerente, que o sujeito já não consegue articular qualquer discurso sem a proferir.

Paulo Cunha Porto disse...

Posto assim, Querida Once, é A confusão.

Bem, Meu Caro Pedro, antes ele do que nós; e a situação não se apresenta muito promissora...

Meu Caro Mialgia,
second thoughts, é capaz de ser um reconhecimento do desastre que provocou: como as decisões acerca dos Professores tomaram as dimesões de uma catástrofe, está justificado o emprego da palavra...

Querida Gi,
com efeito, lá viperina é ela, a língua. Bem sei, bem sei que o veneno das cobras não está nela, mas foi o que passou para o imaginário.

Meu Caro Mike,
aquilo pensa: é uma coisa vagamente má. Vamos com ela fazer uma flor. E toca a proceder ao arranjo.

Querida Patti,
mas tem de estar sempre a projectar-se assim nos outros?
Beijinhos e abraços

ana v. disse...

Ora, ele não vai além do Português Técnico, é natural que faça confusões...

Paulo Cunha Porto disse...

Mas, Querida Ana, há um sentido em que ninguém o poderá acusar de oportunismo, por ter perdido uma boa oportunidade de estar calado.
Beijinho

cs disse...

ora ai está a questão. Ele já não sabe estar calado. Ele é só umbigo. O homem está tão cheio dele que assusta.

bjo

:)

Paulo Cunha Porto disse...

Querida CS,
que bom vê-La por aqui!
E sim, tenho a impressão de que a vaidade o faz empolgar-se, quando se escuta. Com resultados pouco animadores, pois, para além da agressividade, não tem grande oratória, veja-se o descalabro do discurso na vitória camarária do Dr. Costa, em que nem os transportados e gratos idosos corresponderam.
Beijinho