sábado, 15 de novembro de 2008

Voltar Aos Clássicos

O meu antigo Mestre Ernani Lopes afirmou que a culpa do endividamento dos nossos compatriotas é das famílias, dos governos e dos bancos. Serão certamente repartidos os pecados, porém, assim tão distribuídos, deixam de fora muito pouca gente, apenas aqueles que nunca tenham votado, porque pactuar com um regime que permite destas já é culpa, ela não se restringe aos que cederam o voto aos mandantes dos últimos anos. E a todos os que têm investimentos bancários, porque deram força às instituições concorrentes do sector para fazerem de sereias, cantando aos ouvidos dos protoconsumidores sem outra cheta. Ora o que é de todos passa a não ser de alguém em particular; é, nesta situação o caso da Responsabilidade.
Ao contrário de D. Francisco Manuel de Melo, em quem deviam meditar os que recorreram ao crédito para consumo:
Quem gasta menos do que tem é prudente. Quem gasta o que tem é cristão. Quem gasta o que não tem é ladrão.
Numa sociedade que promove o risco e se descristianizou o que é que sobra, o que é?

12 comentários:

margarida disse...

Voltamos sempre à génese de tudo: a criação.
"A criação" à 'moda antiga'. Com tudo o que isso representa, como seja, valores humanistas, educacionais e espirituais. Com o regresso ao 'respeito', com o desenvolvimento da noção cívica da existência em comunidade.
Isto é a minha utopia (uma das). Porque a cada dia, a cada viagem, a cada passeilo fora de portas, constato a irreversibilidade do desconchavo em que o mundo se transforma, paulatina; intensamente. Irreversivelmente...
Eu agradeço o ter sido educada da forma que fui. E por quem fui. Pelos seus exemplos, fruto de vidas difíceis, dolorosas, até, cresci com o princípio de gastar um tendo cinco. Ou mais. E só por necessidade real. Isso só me trouxe vantagens. Estabilidade. Segurança.
Não deixei de ter o que precisava, nem de "superficilaizar por aí", quando me apeteceu. Mas poida. E posso. Mas vejo tantos a 'disparatar' sem poderem...; é espantoso!
As pessoas deslumbram-se incompreensivelmente com coisas tão fátuas! Perdem-se com tanta facilidade. Iludem-se. Definham moral e financeiramente
Depois correm para a DECO. E invejam quem vive tranquilo.
Pedem subsídios, 'perdões' e benesses. Vão recorrer ao Banco Alimentar de cigarro na boca e carro no estacionamento. e riem-se das 'tropelias'.
Onde está o livre arbítrio, gente?!
O juízo?!
Uma pessoa tem de se aborrecer, caramba!

ana v. disse...

Mas, Paulo, à luz das últimas notícias, quem pede empréstimos bancários é "ladrão que rouba a ladrão"... tem cem anos de perdão, portanto. O problema é que serão cem anos de inferno também, já que vai ter de entregar os anéis e os dedos...

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Margarida,
ah, sim, noutros tempos, não haveria a facilidade que difere o pagamento, mas os prazeres seriam maiores, justamente por não estarem escancarados pela facilitação que só mais tarde gera dores de cabeça. Desde quando o que não custa satisfaz mais?

Querida Ana,
pois é, o perdão também já é a crédito...
Mas é tema em que ainda há uma luzunha de esperança: quando passar a ser a prestações, será sinal de se estar a arrepiar caminho.
Beijinhos

Anónimo disse...

Mais um, Margarida! Mas tenho a sensação que somos tão poucos, e cada vez menos...

Bjnho

Tiago

Gi disse...

Eu só vou até onde posso;
Espero que, em questões de saúde, possa sempre recorrer ao que eu e o meu marido temos conseguido juntar;
Nesta altura, apenas devo a casa ao Banco, mas a valores que, em princípio, poderei sempre pagar.

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Querido Paulo, meu pai dizia que "cabeça que sem juizo,tanto faz ter muito como pouco".

beijinho

Ka disse...

Estou como a Margarida, fui educada de forma similar e por isso mesmo não me revejo neste consumismo desenfreado.

Já me aconteceu estar a ver qualquer coisa para mim mas ao ver o preço declinar e dizerem-me "leve e paga quando puder"...o mais curioso é ficarem espantados quando digo que só gasto o que tenho e se não tiver não tenho qualquer tipo de problema em o assumir.

Pena que a "moda" seja o que se tem e não o que se é...

Beijinho

Luísa A. disse...

Para mim, Paulo, os menos responsáveis ainda são as famílias, bombardeadas pela publicidade enganosa dos bancos e pela informação enganosa dos governos. Quando tudo são facilidades, quem resiste a gastar um pouco mais, numa sociedade em que o estatuto é definido em função do que se gasta ou aparenta ter gasto? Denotará a tal falta de prudência, mas o exemplo veio de cima, precisamente dos avisados e sábios gestores dos bancos e membros dos governos…

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro TSantos,
com efeito, Tu eras dado por mim e pelo Teu Primo meu Homónimo como o Aequétipo do Anti-consumista!

Querida Gi,
esse é o segredo. Note, com a casa eu até desculpo algum descontrolo. O que me dá cabo dos nervos é quando se pede emprestado para comprar bens perecíveis - e não já duradouros -, que sejam de muito remota necessidade. Prática que vai alastrando..

Querida Júlia,
ah pois, é um bom retrato psicológico, muita gente habitua-se a inventar-se necessidades, mal tenha uma disponibilidadezita a jeito, mesmo que seja do género de fazer o Cobrador do Fraque, mais tarde, vir bater-lhes à porta.

Estou mesmo a ver, Querida Ka.
Os que tiverem melhor formação, pensando "esta Mulher não existe!".
Os mais berecos, "que Tansa"!
É um mundo lindo, este...

Querida Luísa,
eu nunca tive muita vocação para desculpar a fraqueza nas resistências espirituais, mesmo reconhecendo a verdade do que diz. Mas quem é que pôs os politiqueiros no poleiro? E quem dá viabilidade à Banca? Serão os Marcianos?
Beijinhos e abraço

Patti disse...

Sabe que noutro dia, numa dessas novas mega-lojas de electrodoésticos, tinham uma linha de crédito no corredor das torradeiras?

Fiquei para morrer.

Anónimo disse...

Bem, não era propriamente Anti-consumismo.
Era gestão prudente do (pouco) dinheiro que ia conseguindo juntar...

Ainda hoje, mesmo com um maior poder de compra, confesso que tenho algum pudor em gastar por gastar...Manias...;-)

Ab
T

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Patti,
bem, essa é de torrar a paciência do mais pintado!

Meu Caro TSantos,
lérias, era universalmente apontado como exemplo o volume dilatadíssimo das T&uas poupanças. Tnto que ficou o hábito, como vês.
Beiijinho e abraço