Apesar de as sogras serem o único grupo social que bate as louras como tema de anedotário, eu defendo que a alergia dos genros a elas no Portugal de hoje é mais folclore do que outra coisa. Muitos casos que conheço mais de perto mostram-nas amicíssimas dos maridos das filhas e, até, tomando muitas vezes o partido deles contra os rebentos, nas pequenas discrepâncias do dia-a-dia. Ao contrário da relação com as noras, essa sim, mais problemática.
Mas não parece ser caso em Itália, onde um cavalheiro(?) celebrou uma convenção ante-nupcial que consagrava a promessa da desposanda em manter ao largo a sua mamã. Infringido o acordo, deve-se notar a convergência da razão dada ao lesado, quer na anulação eclesiástica, quer nos tribunais civis. A primeira, então, seria fruto de uma independência sem par, dado o celibato dos decisores. Mas, voltando à vaca fria, parece-me de discutibilíssima rectidão a imputação de uma melguice à Mãe da noiva, ainda antes de ela poder ter lugar. Lembra os assobios ao árbitro, num campo de futebol, previamente a ele começar a apitar, quando entra em campo.
O que me leva a um artigo de 1909, assinado por Assis Júnior, onde se lê, sobre o procedimento de nativos africanos para com esses elementos afins:
O cafre - o habitante da costa oriental d´África austral - em observância aos seus usos, costumes e mesmo leis, evita sempre o encontro com a sogra como signal de muito respeito, como succede ao escravo com o seu senhor, ao vassalo com o seu rei, etc.; porque entende que um ente, objecto, ou coisa a que se deve respeito, se não deve encontrar.
Venham lá dizer que a nossa civilização não tem lições a receber de outras, tidas como menos evoluídas! No caso vertente até fica ao critério do Leitor se o ensinamento a retirar concerne à urbanidade ou à eficácia...
Mas não parece ser caso em Itália, onde um cavalheiro(?) celebrou uma convenção ante-nupcial que consagrava a promessa da desposanda em manter ao largo a sua mamã. Infringido o acordo, deve-se notar a convergência da razão dada ao lesado, quer na anulação eclesiástica, quer nos tribunais civis. A primeira, então, seria fruto de uma independência sem par, dado o celibato dos decisores. Mas, voltando à vaca fria, parece-me de discutibilíssima rectidão a imputação de uma melguice à Mãe da noiva, ainda antes de ela poder ter lugar. Lembra os assobios ao árbitro, num campo de futebol, previamente a ele começar a apitar, quando entra em campo.
O que me leva a um artigo de 1909, assinado por Assis Júnior, onde se lê, sobre o procedimento de nativos africanos para com esses elementos afins:
O cafre - o habitante da costa oriental d´África austral - em observância aos seus usos, costumes e mesmo leis, evita sempre o encontro com a sogra como signal de muito respeito, como succede ao escravo com o seu senhor, ao vassalo com o seu rei, etc.; porque entende que um ente, objecto, ou coisa a que se deve respeito, se não deve encontrar.
Venham lá dizer que a nossa civilização não tem lições a receber de outras, tidas como menos evoluídas! No caso vertente até fica ao critério do Leitor se o ensinamento a retirar concerne à urbanidade ou à eficácia...
18 comentários:
Há sociedades matriarcais e sociedades patriarcais e há que saber como comer língua-da-sogra.
O meu marido foi visitar a minha sogra e eu vou visitar a sogra dele, vê como se deve fazer? ;)
Ainda há-de sair uma Lei do Casamento em que a condição seja os nubentes serem orfãos de mãe.
Bem eu hoje estou do pior; vou-me embora.
Muito boa gente confunde ‘viver’ com ‘vegetar’ e talvez seja isso que leva essa boa gente a recear o corte das suas raízes. Façam-no, que para além de verificarem que afinal continuam vivos, descobrirão que as reuniões com sogras, pais, cunhadas et cætera, são sempre uma festa porque só acontecem quando e se todos quiserem.
E se não...cafretizem-se :-)
Fico-me pelas boas recordações daquela língua-da-sogra apregoada na praia com um: é chorar,é chorar para a mamã dar :)
Beijo
lolol... não tenho sogra...lol... sou solteira e boa rapariga, e acho que não vou ter nada contra a minha sogra quando um dia me casar...
Mas que há com cada uma que leva qualquer um à ira, há isso há!
Contudo penso que hoje em dia, as sogras e os genros já se dão melhor, o problema será mais entre as noras e as sogras, porque as sogras vão querer sempre protger os seus queridos meninos... a menos que a Senhora seja Santa, ou a nora uma "lesma", vai dar sempre confusão nem que seja nas costas uma da outra...
Beijinho
eu adorava a minha sogra e ela a mim,Paulo.
Penso que existe o Mito da Sogra :-) mais nada.
P.S. Depois de várias tentativas, não pude aceder À "Leitura Matinal", n«'O Misantropo». Não pode o Paulo fornecer o link?
hmmm sogras?
Arghhhhhh
Só me pergunto porque razão são sempre mais complicadas as mães de filhos que as mães de filhas (e peço a deus que não me transforme numa dessas...lol). Tenho amigos e amigas com quem falo e eles (quase todos) gostam das sogras que têm, elas (quase enhuma) está satisfeita com o que lhe saiu na rifa...alguma razão haverá para esta tendência...
Beijinho
Subscrevo inteiramente o sensato ensinamento dos cafres (nome tão injustamente utilizado noutros sentidos!), Paulo. Foi de resto, o tratamento que apliquei ao meu sogro, que é tão, tão importante, que deixei de ousar aproximar-me. O casamento tem o risco do «dois em um»: pelo preço de um marido compra-se também uma família. ;-D
Querida Gi,
isso é que é Sabedoria! Um casamento com separação de bens, no sentido afectivo, que não apenas no material, mais comezinho do que o que engendrásteis!
Qual! Adoramo-La, também quando nesse "Piorio".
Meu Caro Pedro Barbosa Pinto,
sim, a harmonia é possível, caso haja (boa) vontade. O costume afro-oriental citado é verdadeiramente exemplar, pos arranja bons motivos para eclipses que, doutra forma, magoariam, coisa em que a nossa sociedade é de uma falta de subtileza desconcertante.
Querida Cristina,
a diferença entre a infância e a maturidade? Quer-se terrivelmente numa idade o que se desdenha (sem querer comprar) na outra?
Querida Lady Bird,
bah, todas as Senhoras deste País devem estar a roer as unhas, na ânsia de que lhes calhe a Menina por Nora!
Querida Júlia,
com o Devido Respeito pela Minha Querida Amiga, manifestado na maneira oposta à dos Cafres, não serve de exemplo para ninguém, nesta matéria: quem é que não A adora? faz favor de escolher exemplos mais normalzinhos.
Querida Ka, pois, "nenhuma Mulher é bem casada se tiver sogra ou cunhada", diz-se...
Penso que a razão está na concorrência afectiva que Vós Vos moveis constantemente. Quando não é no aspecto amoroso da atracção, é-o, como nos casos em apreço, no da influência...
Querida Luísa,
mesmo nestes tempos atomísticos, parece uma inevitabilidade. Quanto ao arranjo familiar, ehehehehehe. Mas os sogros costumam despertar menos desentendidos... enfim, a encenação do temor reverencial não deixa de ser patusca quando levada à distância em que a reverência deixe de ser perscrutável.
Beijinhos e abraço
Ka,
A minha avó costumava dizer:
- "Os filhos da minha filha meus netos são, já os filhos da minha nora, serão ou não".
Caro Pedro,
Conheço bem esse ditado (a mim nunca me foi dito graças a deus) e acho-o bastante desagradável :S parte-se sempre da avaliação pela negativa não acha?
Beijinho aos dois
Desagradável? Para não ser ordinário vou usar apenas o adjectivo insultuoso. Mas a voz do povo é sábia e o ditado explica bem a razão da tendência de que nos falava a Ka. É triste, mas é assim mesmo!
Um beijinho e o Paulo que me desculpe o abuso
Ora Essa, sigo-Vos deliciado!
Beijinho e abraço
Sempre me dei bem com sogras e sogros (e já tive vários...) mas admito que é precisa uma certa diplomacia e que alguma distância é essencial para essa harmonia.
Ana, reconheço que terás razão, como sabes também tive duas sogras.
No entanto, eu não sou capaz de viver assim, tenho o coração na boca, como dizem. Ou gosto ou não gosto, ou afasto e me aconchego.Jamais peramaneço no meio. Jamais manter a oportuna distância, uma vez que aderi à familia e ela me acolheu bem. Claro que agora dói mais a distância, mas isso é outra história que não cabe aqui por motivos óbvios.
o Paulo tem o condão de me fazer falar demais e tu também. saio de finiho. ciao!
ps - a minha avó dizia o mesmo das netas dos filhos. penso que não o fazia por mal
Querida Ana,
e eu que não Te pensava tão próxima da Filosofia Tradicional dos Cafres!
Querida Júlia,
todos A reconhecemos assim. Se fosse capaz dessas reservas, poderia ser até estimabilíssima, mas a Nossa Júlia é que não era!
Beijinhos
LOL! Parece que estou, sim...
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