segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O Olhar da Desesperança

Dia de Richard Burton. Este Galês sempre foi um intérprete cumpridor, mas, até por isso mesmo, não conseguiu imprimir o cunho de uma persona(lidade) que outros, menos versáteis, lograram deixar. Como Marco António, ou no excelente «Quem Tem Medo de Virgínia Woolf», Liz rouba-lhe a primazia. Como, pelo desempenho, lho roubariam Gardner e Kerr no filme seu em que mais gosto de o ver, apesar de consensualmente zurzido pela Crítica: «A Noite do Iguana» do sempre imprevisível Huston, em termos de sucesso ou falhanço.
Ali tem a sorte de as personagens femininas ostensivamente gravitarem em torno do problema dele, sendo a fraqueza de uma oscilação entre as fascinações mutuamente neutralizantes que se fazem Deus e o álcool, para além das Mulheres e da irremediabilidade da atracção proibida pela idade, o drama que transmite a sua força específica. O físico com o olhar claro e o cabelo permanentemente molhado contribuem para compor a falta de domínio exsperada que o faz andar, claramente perdido, em mais do que um sentido. Muita gente maldosa aduziu que não se tornou necessário recorrer à representação. Mas para quem o veja e reveja que importa? Não é de uma biografia que se trata e a eficácia funciona pela adequação.

8 comentários:

Anónimo disse...

Estaba bien en "El exorcista II. El hereje", o por lo menos a mí me gustó su interpretación, porque el film tenía toques de B- Movie, lo que es del agrado de Filomeno2006......

cristina ribeiro disse...

Além dos filmes que o Paulo citou, gostei de o ver na série televisiva «Wagner». A "british voice" era nele marcante.
Beijo

Paulo Cunha Porto disse...

Bem sei, Caro Filomeno, essa predilecção. Ele nunca ia mal, apenas me parece ter dificuldade em vincar um tipo, talvez por se moldar bem demais.

Querida Cristina,
não conheço a série, mas confio inteiramente no Seu juízo.
Beijo e abraço

ana v. disse...

Já eu, gosto imenso do Burton. No "Quem tem medo de VW" faz primorosamente o papel do marido amargurado e dominado, com a ironia e o álcool por únicas armas. E noutros filmes também gostei dele, embora eu o visse sempre como um actor de teatro, não sei porquê.
Há-de figurar em breve na minha galeria das segundas-feiras, já está na calha...

Anónimo disse...

Nunca me caiu no goto. Lembro-me dos constantes relatos da imprensa da altura sobre a relação tempestuosa com Elizabeth Taylor. Mas recordo grandes desempenhos em, para além deste "Iguana" de que também gosto muito, Look Back in Anger, Virginia Wolf, Exorcista II e Equus, que considero o seu melhor.

Abraço.

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Ana,
pois é isso que me incomoda, trata-se de representações tão capazes que o diluem demasiado. Não achas que em «...Virgínia...», a Taylor lhe rouba a preponderância?

Meu Caro Mialgia,
esse último não creio que tenha visto. A propósito de «Look Back In Anger», vi, não em filme, mas em Teatro registado para TV, a melhor interpretação de palco a que já assisti, pelo casal Branagh/Thompson.
Abraço
PS: e a saga doS casamentos com a Liz... o que não encheu páginas de revistas!

ana v. disse...

Talvez tenhas razão, no "...Virgínia Wolf" a Taylor está magistral e ele fica fatalmente em segundo plano. Mas a verdade é que aquilo é teatro puro, de mestre Albee...

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Ana,
a peça é muito boa, os desempenhos melhores um pouco, mas a energia dquela ET abafa qualquer terráqueo!
Beijinho