Na sequência dos comentários ao post anterior, tenho de registar a escravização do visual feminino às modas mais inacreditáveis, como já noutro lado demonstrei. Em tempos de decadência como o nosso, procura-se receber do Exterior as qualidades e fortalecimento espiritual que se não consegue gerar por si, veja-se a justificação aventada para a voga dos Dreadlocks importados das Caraíbas e respectivas reminiscências africanas.
Mas noutras épocas os usos não eram menos infelizes, apesar da atenuante de tentarem exprimir sentimentos de dentro para fora, o que, em função do exposto, não é tão pleonástico como isso. Na Corte de Luís XV espalhou-se de tal forma o estilo Independência, ou Triunfo da Liberdade, pelo júbilo de bom tom resultante da derrota inglesa contra os rebeldes Norte-Americanos, que se generalizou esta beleza de arranjo capilar em forma de barco evocativo, ao ponto de a pobre Maria Antonieta, aquando do seu noivado, ter sido obrigada a fazer-se retratar neste preparo, para demonstrar o quão Francesa se queria tornar, submetendo-se inclusivamente aos ditames da moda respectiva.
O que poderia passar por uma efémera excentricidade e primeira imposição de perda da cabeça à Infeliz Futura Guilhotinada acabou por prolongar-se de forma imprevisível, pois, uns oito anos mais tarde, a Fragata La Belle Poule travou um combate com um vaso britânico e conseguiu afugentá-lo, coisa tão rara que motivou nas mesmíssimas aristocratas fascinadas pela Política a adaptação no cabeleireiro que desse prova do patriotismo que lhes saltava dos peitos.
Para verdes quantos sacrifícios eram exigidos Àquelas Altas Senhoras tão amigas do Seu País, como as carruagens não tinham altura suficiente para maluqueiras semelhantes, faziam-se transportar nelas ajoelhadas durante o trajecto inteiro para os compromissos sociais a que deviam assistir. E ninguém se lembrou de invocar tais sacrifícios como contra-prova das acusações de traição, nos "Tribunais" Revolucionários!
Mas noutras épocas os usos não eram menos infelizes, apesar da atenuante de tentarem exprimir sentimentos de dentro para fora, o que, em função do exposto, não é tão pleonástico como isso. Na Corte de Luís XV espalhou-se de tal forma o estilo Independência, ou Triunfo da Liberdade, pelo júbilo de bom tom resultante da derrota inglesa contra os rebeldes Norte-Americanos, que se generalizou esta beleza de arranjo capilar em forma de barco evocativo, ao ponto de a pobre Maria Antonieta, aquando do seu noivado, ter sido obrigada a fazer-se retratar neste preparo, para demonstrar o quão Francesa se queria tornar, submetendo-se inclusivamente aos ditames da moda respectiva.
O que poderia passar por uma efémera excentricidade e primeira imposição de perda da cabeça à Infeliz Futura Guilhotinada acabou por prolongar-se de forma imprevisível, pois, uns oito anos mais tarde, a Fragata La Belle Poule travou um combate com um vaso britânico e conseguiu afugentá-lo, coisa tão rara que motivou nas mesmíssimas aristocratas fascinadas pela Política a adaptação no cabeleireiro que desse prova do patriotismo que lhes saltava dos peitos.
Para verdes quantos sacrifícios eram exigidos Àquelas Altas Senhoras tão amigas do Seu País, como as carruagens não tinham altura suficiente para maluqueiras semelhantes, faziam-se transportar nelas ajoelhadas durante o trajecto inteiro para os compromissos sociais a que deviam assistir. E ninguém se lembrou de invocar tais sacrifícios como contra-prova das acusações de traição, nos "Tribunais" Revolucionários!
14 comentários:
"Chaves na mão, melena desgrenhada", já falava o Tolentino no colchão :)
Beijo
Que texto fantástico, caro Paulo. As imagens são deliciosas. Tenho que Te felicitar.
Abraço.
Ia dizer o mesmo que a Cristina. :)
Mas olhe que os Carnavais no Brasil e as Marchas Populares cá do Burgo também apresentam uns toutiços bem jeitosos.
E agora lembrei-me daquele poema da filha que tinha o colchão escondido na cabeleira...
lol
:-)
E a bela Rapunzel? Se não fosse a longa trança, nunca tinha conseguido fugir da torre, onde estava prisioneira da bruxa malvada e ser feliz para sempre com o príncipe.
E as menina das tranças pretas? Se não caminhasse pelo Chiado o dia inteiro, o Vicente nunca a tinha cantado e eu não conhecia o meu fado preferido.
Por essas e por outras é que eu não dispenso o meu cabeleireiro semanal. É que ainda me pode aparecer um príncipe, ser homenageada numa canção, ser convidada para ir ao programa da D. Fátima Lopes ou ser ‘partenaire’ do cantador Marante.
Ah pois é, ando muito atenta a estas coisas das modas.
Já para não falar da menina do cabelo em châtelaines, tão bem retratado pelo seu amigo ‘O Perfumadinho’!
Querido Paulo, como sempre, uma analise tão oportuna e certeira quanto deliciosa é a ilustração.
Beijinho.
Sempre certeiro, Paulo... a pobre Marie Antoinette acabou por perder o penteado e a cabeça de vez, fazendo naufragar a Belle Poule e toda a sua tripulação aristocrata...
Adoro essa moda, sempre é melhor que o piercinguismo no umbigo da actualidade. O que hoje se vê é de uma inominável rasquisse.
Que texto lindo, Paulo. Você é um querido. Jogo-lhe minhas longas tranças. :)
Beijo
Querida Cristina,
doro esse poema, com sopapo e tudo! Bela lembrança!
brigado, Meu Caro Mike,
temos de felicitar-nos mutuamente é por os costos não obrigarem a arrnjos destes nas femininas cabeças de hoje. Mesmo para um apaixinado do mar como Tu, creio que traria mais incómodo do que sintonia...
Querida Gi, concordo. E mesmo hoje em dia há riscos, conforme provarei graficamente, daqui a pouco.
Querida Fugi,
sim é o do Tolentono, que a Cristina citou. Delicioso!
Querida Patti,
se as expectativas não são cumulativas, pode parar de gastar fortinas na patroa da Vanessa do outro dia; aparecer um príncipe? Já tem um diante de Si, o meu nome completo é Paulo Príncipe da Cunha Porto...
Querida Ariel,
obrigado. E clicou no link, para uma que postei noutro blogue? Ainda a acho mais mordaz flecha dirigida a desarranjos mentais destes...
Qierida Ana,
sabes que ainda estou na dúvida sobre se o èxito daquela moda não se deveu ao anseio de cada Dama querer ver o nome da fragata aplicável a éla própria?
Meu Caro Nuno,
é pura superstição, fazer furos e mais furos, para ver se encontram o petróleo da Beleza!
Querida Marie,
já vou subindo, agarrado a elas!
Beijinhos e abraços
Ahahahahahahha, que espectáculo de resposta e não me diga que também canta o fado?
Querida Patti,
só o do 31, mas esse é mais do pelouro da Gi...
Beijinho
Claro que cliquei,ía lá deixar de seguir uma recomendação sua:)I aquele bedum só me faz é nauseas
beijinho
Está a ver os sacrofícios da toilette, Querida Amiga? E daí, repare, quem guardasse as economias no colchão, sítio menos falível do que os bancos, poderia passar a transportá-las à cabeça...
Beijinho
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