Apolo Concedendo o Desejo da Sibila de Cumas, por Wilhelm JansonÉ conhecida a história mítica da Sibila que pediu ao mais perfeito dos Deuses a Imortalidade, esquecendo-se de lhe solicitar a Juventude Eterna. Continuando a envelhecer, mas sem meio de deixar o suplício, ia-se transformando numa carcaça cada vez mais mirrada, e enrugada, ao ponto de a população da cidade em que vivia, com o gáudio irreprimido da contemplação da monstruosidade, ter decidido suspendê-la numa gaiola, onde a petizada cruel lhe perguntava, mofando, Que queres tu, Sibila?, para a ouvir milhões de vezes formular o desejo inverso do que alimentara: Quero morrer!
Por que é que em matéria de prolongamento vital coisas destas não serão proibidas como doping? Que concepção tão pouco desportiva da vida!
Por que é que em matéria de prolongamento vital coisas destas não serão proibidas como doping? Que concepção tão pouco desportiva da vida!
13 comentários:
Muito bem visto, PCP.
Será o nosso medo de não sabermos o que vem a seguir, se vem alguma coisa?
Lembro-me de o meu pai contar a história do Antero de Quental que dizia que tinha feito a aposta certa: acreditar em Deus. Se ele existisse, excelente; se não existisse, não o saberia nunca.
E lembrei-me da minha avó, sem medo da morte, desejando-a.
Sorry, deu-me para isto, este post.
Beijinho.
causa-me muita impressõa essas coisas, Paulo.Principalmente , porque os meus ouvidos têm na memória o tipo de frase em gente com cancer e em tratamento " vale mais que morrer!", é o que ouço sempre, quando vejo alguem sem cabelo ou sem o orgão doente.
your blog is good good good......
A ciência é imparável, Paulo... e não pode ser culpada pela falta de bom senso a aplicar as novas descobertas, caindo em tentações cujo resultado futuro é imprevisível. Todas as medalhas têm um reverso, não é?
E quanto aos ratos, a simples perspectiva de um encontro com o tal "ratón" já me deixa aterrorizada!
Algum raton roeu os miolos por lá...
Cumpts.
A Banca deve dar pulos de contente com esta perspectiva. Conceder crédito até aos 100 anos...
Abraço.
Jamais pediria a imortalidade. Um dia quero morrer, sim. Mas morremos um pouco a cada dia, não é assim? E há dias em que morremos mais do que em outros...
Beijinho
várias sibilas nas suas formas ainda mais aberrantes a povoarem o meu imaginário sobre como será o futuro .. Credo!
Não vou deixar que isto me estrague o fim de semana Meu Amigo :)
Que o seu seja excelente *
Não desejo a imortalidade.
Desejo um dia, depois de uma vida que desejo também longa, saudável e concretizadora, deitar-me com a sensação que me encontrarei dentro de momentos com o meu Senhor.
Por outro lado pode ser que Deus me conceda, como ao Verdi, a vivacidade de compor uma qualquer obra fantástica nos noventas :)
Imortalidade, não. A vida, boa, má, péssima e espectacular é assim mesmo porque efémera.
Bom fim-de-semana
beijo
Querida Fugi,
e deu-Lhe muitíssimo bem. Claro que o medo do que segue, ou, simplesmente, o de acabar, têm o seu papel nestas ambições. O que prova quão mal convivemos com o que somos, não aceitando o termo ou passagem naturais, mas, paradoxalmente, querendo prolongar o tempo em que andamos por cá, numa incongruência que finge prezar o que se é, mas não aceita os limites temporais que fazem parte dessa essência.
Querida Júlia,
já Fritz Lang, em «A Morte Cansada», tinha posto uma quanidade de velhos e doentes lastimando-se das agruras que iam sofrendo nesta vida e de nunca mais chegar a hora deles, mas, uma vez postos perante a possibilidade aparentemente libertadora de trocar de fado com um morto, a resposta era sempre "nem um minuto a menos, nem um segundo!".
Goooooood Girl,
so is Your will, My Dear.
E a mim, Querida Ana, supor-Te ao alcance de uma ratazana (tão) velha!
Mas ninguém quer parar investigações, gostaria era que elas não viessem a servir para dar expressão às tentações da vaidade humana.
Meu Caro Bic,
acenaram-lhe com o queijo, foi o que foi!
E, Caro Mialgia,
até onde avançará o conceito de "jovem empresário", tão relevante para linhas bonificadas?
Querida Marie,
pois é. E há momentos em que me sinto morrer ainda mais, como de cada vez que A vejo sair do meu bloguinho, após uma das Suas deliciosas visitas...
Querida Once,
não desesperemos: tenho o relato mitológico como uma vingança pela falta de clareza dos oráculos sibilinos, os quais, frequentemente, levavam os humanos, por interpretações erróneas, a espalhar-se ao comprido.
Enquanto que tudo o que de Si emana é puro e cristalino.
Também para a Madrinha Nocas, como para a Amiga de cima. Não podemos estar mais de acotdo, abandonemos esta vida aos seus limites naturais, na Esperança da outra. Afinal a cobra não aldrabou Eva prometendo-lhe com o fruto a Imortalidade que a fariam e ao cônjuge, "iguais a Deus"?
Beijinhos e abraços
Querido Paulo a sua generosidade é graciosa. Obrigada * :)
Querido Paulo, não devemos ter medo da ciência, devemos é estar em guarda para a forma como é utlizada. Veja o caso do silicone, é excelente quando aplicado em casos em que se justifica, por exemplo na reconstituição mamária no caso de amputação por cancro, já me faz uma confusão que alguem se faça operar para por as ditas mais volumosas, deviam era tratar da cabeça, mas há quem diga que também é uma forma de se tratar a cabeça...:) no fundo tudo depende do livre arbitrio de cada um
Querida Ariel,
mais da panca, que o Livre Arbítrio é a mera possibilidade consequente, liberta e consciente de optar.
Mas se quer mesmo ver a repugnância silicónica no seu triste esplendor, vá ao «Porta do Vento». A Ana põe lá uma coisa linda, não haja dúvida.
Beijinho
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