sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Passar ao Lado

Sou um distraído paradigmático. De Inverno, o guarda-chuva, de Verão, os óculos de sol, são atestados e vítmas, em simultâneo, da minha incapacidade de conferir concentração aos avatares da Rotina. Devolver o troco que vim de receber, ficar com esferográficas acabadas de me serem momentaneamente emprestadas, estender na biblioteca o cartão do supermercado, são características que só não aspiram à promoção a marcas de personalidade porque, uma a uma, são facilmente encontráveis em outros frequentadores dos mesmos meios. O todo é que podia ser desoladoramente identificante.
Há casos mais graves, como o de trocar o nome da Amiga com que se está, levando-me a apressadamente convocar a explicação de Michel Déon, que atribui a distracção diante de uma Mulher ao facto de Ela nos perturbar. Isto para evitar males sérios, como a suspeita de um interesse comparativamente menor, sempre na ponta da língua acusadora das Atingidas pelo erro. É a luta permanente por nos defendermos através da paradoxal exibição de um estado indefeso que cative. Mas a melhor escapatória, porque aplicável à própria crítica que a todo o momento nos impele a morder a língua, ainda é reparar que há casos piores. Como este, que me consola por estar longe de poder dizer-se que, sendo doutros, enforme um mal, já que é impossível dizer que não foi fecundo.

16 comentários:

Anónimo disse...

Ó valha-me Deus!

Paulo Cunha Porto disse...

Na Sua Imensa Misericórdia!
Beijinho, Querida Rosarinho

margarida disse...

É o magnetismo...; como nas bússolas: sei de quem se perdia em Lisboa e arredores, sempre que eu ia ao lado - no carro - (não é vaidade, juro, juro! - é facto); e de quem vá de encontro a postes (sucedeu-me há poucos meses), coitado...
Não é mais nada a não ser uma questão das Leis da Física.(eu escrevi físicA)...
;)

ana v. disse...

Podemos ir a meças, Paulinho... e aposto que te ganho aos pontos!
Mas a brilhante jovem com dores de estômago e o seu brilhante namorado ultrapassam tudo o que é permitido...

Anónimo disse...

A ilustração pode não ter esse sentido. O passageiro leu uma notícia que o angustiou e puxou o sinal de alarme.

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Margarida,
perto de Si eu iria contra postes, muros, árvores, tudo o que estivesse à frente!

Querida Ana,
realmente, formam um casal perfeito. Que preocupações é que os podem atingir?

Ahahaha, Meu Caro Rudolfo, nos desenhos animados é comum ver caudas de cabras usaas como buzinas. Mas tranças de colegial deve ser proibido por lei.
Beijinhos e abraço

Patti disse...

Oh Paulo, coitada até tinha razão, foi de uma coisa que comeu, há muito tempo é um facto, mas que foi, foi!

Quanto ao senhor da imagem, tem uma imensa auto-estima.

fugidia disse...

Eu, para falar francamente, estou muito mais preocupada com essa história de te teres enganado, trocando os nomes...
Hum... olha que a factura às vezes é muito cara...
:-p

Beijinho :-)

fugidia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
fugidia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maria de Fátima Filipe disse...

Bem, é absolutamente delirante. Só lhe faltava dizer que não tinha percebido como tal coisa lhe tinha acontecido....:)))

Beijinho

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

eu com as distracções, tenho histórias hilariantes, autenticas anedotas!! Desde entrar num carr que não era meu e vir o dono dizer com ar de gozo que o carro não estava à venda tenho de tudo. com guarda-chuvas, então!!

a propósito vou tentar contar uma lá no meu sítio.

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Patti,
mas o desenlace é prova provada de que o alimento não estava estragado...
Quanto ao utente do metro, cada um chega onde pode...

Ai, Querida Fugi, fizeste-me lembrar um Camarada meu de tropa, que, para não gritar alto, durante o sono, nomes comprometedores de amantes, arranjava-ass sempre com a mesma graça da Mulher!

E se calhar, Querida Ariel...
Ainda vai sobrar para o Vento, que faz sementeiras.

Querida Júlia, a pior, para mim, já foi contada em blogue anterior. Num avião, em viagem entre Londres e Lisboa, acordei com a cabeça no ombro de uma Senhora nova, nos trintas, ao lado. Diz-me ela. "como o vi tão bem instalado, não tive coragem de acordá-lo"! fiquei como um pimentão.
Beijinhos

Mike disse...

Caro Paulo, digamos que a moça da foto, apesar do ar surpreendido, se pôs a jeito, ou pôs a trança a jeito. Mas queria mesmo era agradecer-Te a preciosa dica da exlicação de Michel Déon. Normalmente em situações idênticas apresso-me a invocar o facto de ter muitos filhos e o meio século de vida.
Um abraço.

Anónimo disse...

Ah, ah, ah, Paulo! Essa é das melhores! Ao menos não a convidaste para um cafezinho, como reparação pelo incómodo?...

Ab
T

LADY-BIRD, ANTITABÁGIKA, FÃ DO JOMI LOL E JÁ AGORA DOS NOSSOS AMIGOS ANTI-TECNOLOGIAS: MARCHANTE (se não existissem tinham que ser inventados) disse...

Essa taradona... não posso... foi comida foi foi... ah pois foi... então mas a mulher estava a dormir? grávida e não deu por isso? grande monstrinho...lolol

Eu desde pequenina que não sou de perder o guarda-chuva ou peças de vestuário...tenho sempre cuidado... sou mais distrída com sacos de compras ou então quando acabo de conhecer uma pessoa
faço-a repetir o nome umas 10 vezes, mas depois não o esqueço nem me engano... lembro-me apenas de uma vez chamar avó em voz alta no meio da aula, a uma professora quando estava no sétimo ano... e a senhora, de seu nome Josette era a professora de francês... e não muito velha... olhou para mim com uma cara...lol

Um beijinho