quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Barras no Literalismo

Sim, eu sei que a vida cubicular da cidade grande é propícia a uma hipersensibilidade que deixe o travo amargo de uma vida engaiolada. Não só os apartamentos, longe do nível do natural do solo e hermeticamente cerrados, como a rotina que pode, nos momentos de fragilidade maior, constituir a mais opressiva das grades, no íntimo de cada ser à beira do desespero. Também a referência permanente oscilando entre a solidão e o remorso que é a identificação com os animais confinados a jaulas de vária dimensão, tomando o lugar da própria pena deles. Para além do Quixotismo em que cada um de nós busque a sua salvação terrena condenar, quase fatalmente, à devolução à procedência, metida nos ferros protectores e disciplinadores da ânsia de voar para longe.
Sim, eu sei. Mas seria preciso entender as coisas tão à letra?!

11 comentários:

Anónimo disse...

Pois é...Eu também já tive aves engaioladas, mas optei por passar a vê-las em liberdade...É muito mais interessante e gratificante (e menos trabalhoso, também!)

Ab

Patti disse...

1500 passarinhos e sete horas para os apanhar?
E quem é que limpou os cocós todos?
É que nem imagino o cheirete!

Este é um comentário muito prosaico, querido Paulo, eu sei, mas foi o pivete que me veio imediatamente à ideia.

cristina ribeiro disse...

Que raio! Não lhe basta ser homini lupus, não senhor; o homem tem de se sentir lobo para os outros seres...
Beijo

Anónimo disse...

Sim, eu também sei. Quem me dera poder sair de Lisboa, onde qualidade de vida é coisa que não existe, e viver na parvónia. Cada vez que visito uns amigos que vivem relativamente perto é cá uma inveja.

E não é só por causa dos animais, que cá em casa se resumem ao cão e a um passarito.

Abraço.

Unknown disse...

Entrei neste blog por mero acaso...e fiquei fascinado...o conceptualismo gráfico atraíu-me, mas os textos...os textos estão fabulosos...identifico-me na perfeição...temas sérios...com muita ironia...vou permanecer aqui...

Unknown disse...

Aliás...ainda cá voltei...porque...agora que vi o seu blog até ao fim...sinto -me honrado em ter o seu link no meu blog...vou linká-lo no meu blog...

Gi disse...

Só posso dizer: belhec! nunca consegui ter passarinhos; faz-me impressão vê-los engaiolados.

Paulo Cunha Porto disse...

Ainda me lenbro da sobrinha Bi, de saudosa memória, Meu Caro TSantos...
Mas quanto à evolução... é dever de Ofício, ora!

Muito compreensível, Querida Patti, aliás amplamente corroborado pela quantidade de dejectos noticiados na peça linkada...

Querida Cristina,
olha Quem voltou! Espero que tudo tenha corrido bem. Entretanto, este lobo pareceria mais o Lobinho, dado ser amigo da passarada...

Sim, Caríssimo Mialgia! Cada vez mais me tento a ir viver para longe da urbe. também não é pelas minhas gatinhas, coitadas, o bicho-homem é que é pior.

Meu Caro Bento,
Bem-Vindo e obrigado pelos elogios que estou longe de merecer. Já para a coluna da Direita, portanto.

Querida Gi,
desde que, em pequeno, um bico-de-lacre morreu por lhe dar comida em excesso, renunciei. Livres, superiormente (até pelas asas), melhor decidirão.
Beijinhos e abraços

Anónimo disse...

A Bi...É verdade, essa era uma "menina" especial...

Ab
T

Paulo Cunha Porto disse...

Era uma Ave D´ouro, até por aproximação do tom das penas!
Ab.

Anónimo disse...

De facto, um verdadeiro...amarelo-canário!

Ab
T