sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Vermelha Sim,

mas de sangue! Devo confessar que em matéria de atravessamento de ruas sou mais do que bárbaro. Incapaz, quando conduzia automóveis, de desrespeitar um semáforo para veículos, quando se trata de luzinhas snalizadoras dirigidas a peões ligo tanto como às iluminações de Natal que me não cativem. É que, desculpava-me, é completamente diferente pôr em perigo o Outro, quando couraçado, ou a mim, enquanto apeado, caso em que se algo corresse mal não se perderia grande coisa. A Mulher Alemã de um Grande Amigo meu, com os cabelos completamente em pé perante o desrespeito absoluto em que eu e o Marido despreocupadamente incorríamos, desejosa de nos dar um bocadinho de razão contra tudo o que tinha aprendido, não encontrou melhor do que dizer que... em cada Vermelho há, afinal, um bocadinho de... Verde.
E obrigar-me a cruzar o alcatrão nas passadeiras, pior um pouco. Sempre o fiz onde calhava. Agora tenho um novo argumento. Como 40% dos atropelamentos ocorrem nas protecções pintadas que deveriam ser eficazes e não há essas riscas prioritárias em toda a parte, as chances de sofrer um acidente caminhando de um lado para o outro da rua andam ela por ela, dentro ou fora das passagens programadas. De modo que o idealismo de defender crianças e outros desprotegidos deste maravilhoso trânsito português terá toda a vantagem em mudar as advertências de perigo para uma nova convenção, como a que se sugere.

19 comentários:

fugidia disse...

O sinal é engraçado, Paulo :-) mas o tema preocupante, pelo que a gargalhada não saiu, só o sorriso.
Faça o favor de prestar mais atenção aos automóveis, senão vai ter é que fugir de uma fugidia enfurecida :-)

Irene Ermida disse...

regressada recentemente à blogosfera, é com muito agrado que descubro este teu novo espaço!

quanto ao teu post... em Vila Real, a maioria das passadeiras estão posicionadas em cruzamentos e locais críticos da cidade que levam o condutor a hesitar... ou tem atenção aos carros ou aos peões. Ultimamente, em sequência de alguns atropelamentos, lá começaram a mudar algumas...

por isso só posso dar-te toda a razão!

Maria de Fátima Filipe disse...

Os 40% de atropelamentos ocorrem nas passadeiras porque os condutores em Portugal são uns bárbaros, e estão habituados à impunidade. Mas a falta
cuidado extende-se aos peões de que é exemplo o meu querido Paulo, o que me põe os cabelos em pé muitas vezes... vamos lá a tomar cuidado...:)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

eu sou um perigo a atravessar a rua...

zazie disse...

Podes crer. As passadeiras ainda são pior. É mesmo a invenção mais sádica que podiam ter inventado por cá.

Quando aparece o sinalzinho verde, significa apenas que podes ser atropelado por qualquer carro que venha da esquina.

Eu atravessar ruas devo parecer um comando feminino a avançar na selva

":O)))

zazie disse...

Podes crer. As passadeiras ainda são pior. É mesmo a invenção mais sádica que podiam ter inventado por cá.

Quando aparece o sinalzinho verde, significa apenas que podes ser atropelado por qualquer carro que venha da esquina.

Eu atravessar ruas devo parecer um comando feminino a avançar na selva

":O)))

zazie disse...

Ah... e quando as cavalgaduras do asfalto avançam por cima dos passeios, então é que me vingo.

Ainda no outro dia fiz-me despaçarada e meti-me à frente de um que já não saiu dali. O idiota ainda estrebuchou mas eu fingi que nem ouvi.

Anónimo disse...

Querido PCP

Experimente ler o art. 291.º do Código Penal e constatará que 80% (no mínimo) da população portuguesa devia estar atrás das grades.

É difícil acreditar que esta norma existe: o Estado português permite que matemos crianças até às 10 semanas e envia-nos na cadeia se passarmos um traço contínuo!

Pedro Barbosa Pinto disse...

Caro Paulo,

Hoje são 40% os atropelamentos que acontecem em passadeiras mas a tendência só pode ser para aumentar.
A malta da nossa idade atravessa em qualquer lugar mas, salvo raras distracções – por exemplo, uma montra de sapatos do outro lado da rua para as senhoras ou uma brisa numa saia, em qualquer lugar, para os homens – tomamos todas as precauções antes do atravessamento. Mas nós caminhamos rapidamente para aquela idade em que, se nos tivermos que aventurar sozinhos pela selva citadina, um escoteiro nos detectará e nos levará em segurança até ao outro lado da rua.(Ainda que estivéssemos ali parados só à espera do autocarro)
Já a malta nova não quer cá saber de precauções. O importante hoje em dia é ter a noção de quem é a culpa(1).
Antes de colocar um pé na zebra, o português moderno pensa:
– “Estou numa passadeira. Se for atropelado a culpa não é minha!”
E vai avançando com passos de desdém:
- “Pena não ter trazido uma capa! A chicuelina que faria a esta besta que vem aí a acelerar… vá, atropela aí e vais ver o que te acontece!”
Chegado ao outro lado da rua, olha por cima do ombro para o condutor, pálido, do carro atravessado na passadeira e remata:
- “Oléééé eheheh!”
Claro que volta e meia o remate dá-se no meio da via com um CATRAPUMMMM seguido apenas de silêncio, ou, correndo a coisa bem, de um “Aiiii…Uiiii…F**** da P***”.

(1)Excepção para o casamento - quem morre solteiro não tem nada que se meter nestas coisas.

Abraço

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Fugidia,
só vejo uma maneira de me emendar - uma Mulher mandona que me ponha a andar na linha, digo na zebra.

Querida Irene,
que felicidade, pelo regresso! Já para a coluna dos links! É grande prazer saber-Te também por cá.
Já a localização mirabolante das vias de atravessamento, pena que as trancas tenham vodo só depois do assalto. Enfim, valerá mais tarde do que nunca.

Querida Ariel,
eu não me dou como exemplo, Deus me livre. Sei mesmo que sou um inimigo público de alguns automobilistas que parecem ter estragado vários dias com as fúrias que me tomaram. Já tive a minha quota-parte de castigo, atropelado por uma moto grandalhoa em plena Praça de Espanha, com o capacete do condutor a fazer-me uma fissura no ombro, a qual demorou a passar. Isto de ser do Benfica faz apetecer uma corrida na direcção do homenzinho vermelho luminoso, não uma paragem...

Claro, Júlia: estou mesmo a ver os condutores a virarem a cabeça na direcção da Brasa atravessante e irem de encontro aos postes, ou uns contra os outros, por essa distracção...

Querida Zazie, estou mesmo a imaginar-Te no papel do Belmondo, aqui:
http://parafrasefacil.blogspot.com/2007/10/ol.html

Querida Rosarinho,
bem, mas quando descriminalizaram o consumo de droga para não sobrelotar as prisões, seria curial mandar toda essa gente para a choça?
Beijinhos

ana v. disse...

Rosarinho, mas nós JÁ ESTAMOS todos atrás das grades... e com a desvantagem de não nos darem cama, mesa e roupa lavada, porque temos que pagar tudo isso com língua de palmo!

Da cadeia passaremos directamente ao hospício, se as coisas continuarem assim...

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Pedro Barbosa Pinto,
Hahahahaha, tomo devida nota do recado! E a descrição dos costumes indígenas está uma delícia. Bem, para os automobilistas mais façanhudos, toda esta exposição dos peões ao perigo será o saudável risco inerente a atravessar-se no caminho dos outros...

Querida Ana,
pelo menos nas prisões ainda não se põe o dilema das passadeiras, julgo. Mesmo assim não estou certo de que não tenham invadido os estabelecimentos prisionais de maior dimensão.
Beijinhos e abraço

Nuno Carvalho disse...

A questão da sinistralidade rodoviária em Portugal é algo de muito complexo, que não pode ser analisado de forma leviana. A Engenharia de Vias de Comunicação é uma área - paradoxalmente - de conhecimento sem tradição em Portugal; a prova é que não existem livros sobre a matéria à venda em livrarias.

No Reino Unido uma passadeira nova tem de ser alvo de um estudo cuidadoso feito por um Eng. de Tráfego (com alguns anos de experiência), este estudo é, posteriormente, enviado/debatido por diversas entidades, nomeadamente pela polícia da zona.

Em Portugal qualquer pessoa, nomeadamente:
- Arquitectos
- Arquitectos Paisagistas
- Arquitectos de Interiores
- Pintores de estradas
- Presidentes de Juntas de Freguesia
- Vereadores de Câmaras Municipais
- Engenheiros de Tráfego
- Engenheiros Civis
- Engenheiros Rodoviários
- Engenheiros de Vias de Comunicação
- Engenheiros Electrotécnicos
Pode - no momento - definir a localização de uma passadeira.

Já começa a ser tempo dos portugueses perceberem que a principal causa dos acidentes – em Portugal - reside no facto da infra-estrutura ter erros de concepção (armadilhas) e não no condutor

Anónimo disse...

El respeto a las normas de tráfico, quizá el único aspecto en el que, sorprendentemente, España gana a sus vecinos latinos para bien.
Ab.

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Paulo, antigamente, o transito parava para eu passar, agora eu tenho que correr tipo as galinhas, assarapantada!!! ahahah

há um poema desse tempo de um autor transmontano que retrata um desses momentos :-P

transcrevo:

"que linda que trigueira és
de inveja esconde-se a lua
quando passas sobranceira
pára o transito na rua"

Alexandre Parafita

LOL

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Nuno Carvalho,
bem me parecia que era a Democracia culpada de mais este mal! Aquela que estende o voto na matéria a muito circunstante não-qualificado.
Surpreenderam-me grandemente, por motivos diversos, as categorias "pintores de estradas", "Vereadores (ou seja, potencialmente um qualquer disposto a optar pelo popular em vez de pelo seguro)" e "Engenheiros Electrotécnicos". Será que nestes tanto os de correntes fracas como os de correntes fortes?
Muito obrigado pelo Seu contributro, estamos bem entregues!
PS:As habilitações do Sr. Sócrates também se enquadram na previsão?

Meu Caro Filomeno,
grande bondade Tua! Mas, realmente, temos o pior trânsio da Europa, apesar do que se diz de algumas zonas gregas. Até Sven-Goran Eriksson, instado a nomear algo de que não gostasse no nosso País, elegeu este domínio.

Querida Júlia,
ná, essa correria aposto que se deve a uma interpretação errónea das buzinadelas. A Júlia pensa que eles querem apressá-la, o facto é que pretendem chamar a A Sua atenção. É que, com o tempo, os condutores ficaram muito mais ousados...
Beijinhos e abraços

Anónimo disse...

Quizá el hecho de que el Prof. De Oliveira Salazar no fuera militar, supuso un handicap para organizar una Policía Estradal, que impusiera el orden en las carreteras lusas, al estilo de la Guardia Civil de Tráfico Española en España, al menos antes del Consulado Zp......
Ab.

fugidia disse...

Mandona???
Humpfrrrt!
(risos abafados)

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Filomeno,
tenho impressão que é coisa anterior, há em Portugal uma volúpia anti-policiária expressa na desobediência à regra do trânsito muito mais universal do que algum sentimento anti-Guardia ainda a remontar aos traumas da Guerra Civil de Espanha...

Querida Fugi,
e que me faça andar direitinho.
Beijinho e abraço