quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A Beijar é Que a Gente se Entende?

Em primeiro lugar, a actualidade: não acredito um miligrama na veracidade da notícia que a Chanceler Alemã já mandou desmentir. A própria formulação dela, com a contraposição das culturas Norte-Sul, tresanda a elaboração de redacções ociosas e ávidas de manchettes. Basta, de resto, olhar para a imagem do texto linkado. Se fosse real o desconforto, a Política Germânica mereceria um Oscar de melhor interpretação feminina, muito mais que certas profissionais do ramo. Até ver, atribuo-a a mais uma boutade contra Sarko.Mas saltemos do beijo social para o amoroso, que como pólo de interesse, é partícipe, sim, da perenidade. Leio a indignação de Nick Fisher, autor de um manual histórico-didáctico do tema, onde exprime a sua fúria contra os autores da teoria segundo a qual a origem do gesto se deveria a Sindroma do Suor, um estratagema Pré-Histórico para, lambendo o sal, causador de transpiração elevatória da temperatura do corpo, o casal troglodita se manter fresco. Não comungo da revolta do estudioso. A frase tem grande validade se atribuirmos a sal e a fresco sentidos conotativos óbvios, em vez da pobreza da literalidade...
Neste campo o que me faz não despegar é, também, o que nunca experimentei. Como o Beijo à Capucine, da imagem, que me semeou no espírito a ponderosa dúvida sobre dever-se ou não a ele a fascinação que tantas amigas minhas, em sede de café, nutrem pelo... Capuccino!
Que dirão as Leitoras, de Sua Justiça?

15 comentários:

Ka disse...

Caro Paulo,

Este tema tem tanto que se lhe diga que um comentário poderia ser um post quase mas serei sucinta:)

Este beijo ilustrado é de facto sui generis e imagino a ginástica cervical para que o dito seja dado correctamente :P

Quanto á origem do beijo em si a explicação de facto não convence a nãos er como bem dis se atribuirmos outro significado aos adjectivos suor e sal.

Por último e mantendo-me no campo literário cito Fenando Pessoa que definiu em inglês:
"A kiss is more than a touch of lips - it is a touch of two hearts,
of two souls,
of two glowing portions of the life spirit."

CPrice disse...

com a falta de jeito de alguns para o tratamento do "capuccino" como ele merece e sabe bem, eu diria que a Justiça é a última a chamar para aqui Meu Amigo (perdoe as risadas) ;)

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Também penso que haverá especulação àcerca do comportamento de Sarko. No entanto, estou de acordo que ele não sabe comportar-se.

Quanto ao beijo,ri aqui sobre as suas divagações. LOL

Lina Arroja (GJ) disse...

"You must remember this
A kiss is still a kiss, a sigh is just a sigh
The fundamental things apply
As time goes by"...
Play it again Sam
"... and you always have Paris..." para o capuccino e respectivo aroma:-)))

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Ka,
realmente, é pouco menos que contorcionismo. E lendo os excelentes versos de Pessoa, que não conhecia, me pergunto se não constituirão espiritualmente também um misto de flexibilidade e aprisionamento externo, o que está presente na configuração volitiva à disponibilidade do instante.

Ehehehehe, Querida Once, imagine a transposição dessa verdade indesmentível para... o Capucine!

Ainda bem, Querida Júlia. Não me parece nada plausível uma tomada de posição como a que consubstanciou o rumor. E como os Franceses adoram dizer que na Integração Europeia partilham o leito com a Alemanha, a abolição do beijo entre governantes de sexos diferentes seria quase como sexo sem preliminares!

Querida Grande Jóia,
apesar de parecer mais indiscutível que o Capuccino pode queimar, no que toca ao Capucine talvez não seja deslocado perguntar se «Paris já está a arder?». Num de dois sentidos...
«As Times Goes By» é o abrigo a que todos voltamos.
Beijinhos

PDuarte disse...

se o lia lá, também o virei ler aqui.

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Pedro Duarte,
muito grato. Tentarei ser digno dessa Fidelidade.
Abraço

fugidia disse...

Bom, querido Paulo, a mim não me interessam muito as variantes e modalidades: desde que sejam... hã... saborosos...
:-)))

Anónimo disse...

A desconversar também. Mas agrada-me a ideia do beijar.
Abraço.

Maria de Fátima Filipe disse...

Meu caro Paulo, este capucine, nem como exercício de ioga me convence, não comporta nem as virtualidades da prática deste nem o empolgamento inerente ao beijo comme il faut:). Pelo contrário, a gravura é uma beleza.

Anónimo disse...

Bem, como não aprecio capuccino (para mim café é café, negro, sem açúcar, como deve ser), não me parece que iria apreciar este tipo de beijo. Como dizem os comentadores anteriores, só como exercício para coluna e nada mais.

Luísa A. disse...

Acho muito interessante a explicação, Paulo. Que, por sua vez, pode também explicar o duplo sentido das palavras «sal» e «fresco». No fundo, vejo aqui a velha questão do ovo e da galinha: será que o casal troglodita descobriu que refrescava quando praticava o beijo, ou descobriu o beijo quando se refrescava? Já o Capucine, na linha de um bom Capuccino, parece-me um exercício mais refinado... e quente. :-)

Paulo Cunha Porto disse...

Perdão, Querida Fugidia,
e onde anda a Experimentalista Investigadora Que conheci, empenhada em comprovar que o primeiro contacto se canaliza para o lábio superior?

Meu Caro Mike,
são tantas as formas de (des)entendimento!

Querida Ariel,
de facto para a nossa cultura, parece envolver demasiada actividade. C.J.Cela dizia que o Yoga ibérico era a sesta, não era? Também não auguro nada de bom ao élan motivador que traga. Só experimentando. Mas é como diz, a Gravura, por si só, justifica as elaborações...

Querida Luísa,
vá-se lá saber, realmente! Seria uma Genealogia Linguística aliciante, no sentido mais consequente do termo.
Eu só temo é que, quando chegasse a hora das desavenças, os fruidores de Capucines se acusassem mutuamente de, até nos actos de ternura, o outro ter estado sempre de costas voltadas para o parceiro...

fugidia disse...

lol lol lol
Tem razão, PCP; mas saiba que o sabor é uma coisa, a textura é outra...
:-p

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Fugi,
prometo passar a fazer exames mais abrangentes!
Bj.