quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Votos Sobre Votos

Voto, de Anthony Papa
Com o aproximar das eleições americanas volta à baila o problema da votação dos presos. Na maior parte da Europa permitida, só em dois Estados da Federação Norte-Americana o é. Devo dizer que experimento algumas dúvidas a respeito. É certo que, defendendo que ninguém se dignifica por votar em partidos, me parece uma desumanidade escusada não poupar os encarcerados a essa angústia... Mas não sou ceguinho, sei que a generalidade das Pessoas ainda vê nessa burla um grande direito. Tentemos então pensar como Esses.
Quem desrespeitou a regra da Comunidade deve poder influir nela? Em princípio mão me repugnaria considerar as teorias que dizem ser a permissão de "botar" aproveitável para a regeneração, como também me parece digna de consideração a ideia de que o castigo só será sentido com a privação estendida ao sufrágio, como ao sexo, por exemplo. Tudo dependerá de se querer fazer o condenado ficar consciente do horror da sua acção, ou dos múltiplos processos de voltar a assimilar-se.
O que não aceito é que se excepcione, como no Vermont, a fraude eleitoral, dessa concessão. Não porque me repugne impor uma limitação conexa com a natureza do crime, a castração química aos violadores de crianças, ou aos violadores tout court, por exemplo. Mas porque me custa engolir que um assassino bárbaro disponha de uma participação retirada a um mero batoteiro...
E se o conceito fosse preenchido como deveria, abarcando toda a manipulação da verdade, qualquer candidato ficaria impedido de votar em si, mesmo que não judicialmente condenado. O que, por outras razões, as de desportivismo, deveria suceder. Sem que me lembre de alguma vez ter mentido para caçar votos, seria incapaz de votar em mim, numa qualquer pugna decidida por maiorias.

9 comentários:

Anónimo disse...

Meu Caro Paulo,

Já disse tudo, de forma brilhante como é seu timbre. Como a notícia não o refere, seria, no entanto, interessante que aqueles Estados disponibilizassem a relação estatística dos votantes reabilitados vs. reincidentes.

Abraço.

Anónimo disse...

S. Já cheguei. E que mudanças!
Sobre o tema claro que é complicado vedar o voto a cidadãos.

Ka disse...

Muito pertinente esta questão e fica sempre a dúvida se quem viola os seus deveres deve continuar a ter os direitos todos, nomeadamente o de voto.

Além disso e sabendo nós o funcionamento do sistema judicial americanos mais reservas existem se poderá haver viciamentoou não.

Beijinho

ana v. disse...

Não votarei em mim, está prometido!
Quanto aos meus opositores eleitorais, não me pronuncio, por uma questão de ética (prefiro bater-lhes depois, se se portarem mal...)

(não tenho tempo para mais, mas para uma brincadeira e um beijinho ainda se arranja...)

Anónimo disse...

Zp.....¿Acabará dando doble valor al voto de los presos?

Anónimo disse...

Pugnas decididas por maiorias... uma realidade a que sou um (bom) bocado avesso, caro Paulo. Porque acho que raramente elas, as maiorias, têm razão. Ou, se calhar, porque há um lado anarquista no meu ser, caro Paulo.
Abraço.

Paulo Cunha Porto disse...

Meu Caro Mialgia de Esforço,
tem toda a razão, para que fosse possível aquilatar da justeza da teoria, assente que era em critérios de eficácia. Aqui para nós, que ninguém nos ouve, não deve ser muito corroborante, já que tão ostensivamete omitida...

Viva, Caro Rudolfo. A vida é composta delas, dizia o Épico na sua bela perninha como Lírico.
Mas então os jovens abaixo da idade legal já foram despojados da cidadania? E a imaturidade presumida deve ser mais gravosa do que a culpa constatada? Pergunto eu, não sei...

Querida Ka,
realmente, se com os livres já dá o que dá, imagine-se com os aprisionados!

Querida Ana, ainda bem, todo o pedacinho da Tua atenção é recebido com o blogue engalanado. Tenho a certeza que os Teus adversários já chegaram a acordo para votar em... Ti!

Hahahahaha, Meu Caro Filomeno. Mas olha, falando da Grande Espanha, uma coisa que me sensibilizou foi, na altura da escolha da liderança do PP, Rajoy se haver abstido, o único voto não-favorável ao seu nome.

Meu Caro Mike,
vou contar-Te um segredo: quando, no 11º ano me elegeram delegado de turma, sem que me tivesse candidatado, votei no meu Rival mais próximo que, esse sim, fez campanha.
Beijinhos e abraços

Maria de Fátima Filipe disse...

Ora caro Paulo, aqui está um assunto sobre o qual confesso não saber bem o que pensar. A sua argumnentação tem todo o fundamento, mas provavelmente o que se pretende é mesmo uma humilhação pública ao condenado por fraude eleitoral. Mas também penso que a determinado tipo de crimes nojentos e bárbaros nem sequer se lhes devia permitir "respirar"

Paulo Cunha Porto disse...

Eu sou favorável à pena de morte para os casos de homicídio qualificado, Querida Ariel. E advogo a intensificação da disciplina na prisão - uso de uniforme prisional, obrigação de prestação de trabalhos não-remunerados, interdição do sexo. Da forma como o Mundo está, a mera privação da liberdade é mais um prémio e uma protecção do que um castigo.
Quanto ao voto, lá está, tenho a sensação de que diz mais acerca dele o que a comunidade possa pensar de si própria do que daqueles que condiciona em estabelecimentos prsionais.
Beijinho