quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Pedagogia da Balança

O Ensino deve transmitir preceitos que ajudem à manutenção da Saúde, decerto. No caso da obesidade, parece importante que explique os valores alimentares e as tomas aconselháveis de cada género comestível. No que não posso concordar é na promoção de programas obcecados e obsessivos como este. Deixar as criancinhas sujeitas a um bombardeamento de imposições físicas, com o objectivo declarado de combater o aumento de peso, parece-me um perigoso resvalar para o Totalitarismo, que nem deixe à iniciativa de cada discente a margem de se construir, ao mesmo tempo que faz fermentar sentimentos de marginalização ainda mais humilhantes contra os que hajam nascido gordos.
Mesmo considerando o Futuro, parece-me um erro tremendo, a par do da extensão do tempo das aulas e do da multiplicação dos tempos preenchidos. Uma parece-me incompatível com a capacidade de concentração sustentada das nossas crianças. A outra uma clara tentativa de esmagar a acção da Igreja e ouftras instâncias extra-estatais. Ora, os conteúdos combinados destes dois parágrafos podem bem fazer com que os "revoltados contra a Escola", mais e em maior grau do que até aqui, se expressem preferencialmente, doravante, em corridas aos hamburgers, logo que soe a campaínha. E que os que aceitem os ditames passem a sofrer de monomania da fita métrica, podendo cair em estados de anorexia bastante mais previsíveis do que os causados pela mera ambição de ser manequim, sempre exclusiva de muitíssimo menos gente.
O nó do problema está na instilação da falácia que, jocosamente dá o título a este livro:

12 comentários:

CPrice disse...

sem dúvida alguma um caso estranho.
Tanto mais que essa mesma Escola dispensa da frequência das aulas de música crianças que pratiquem um qualquer instrumento em outra instituição.

Tenho visto a aplicação do programa Pessoa às lides da princesa do meu reino e até ter conhecimento desta notícia, concordava na integra com a sensatez e a calma (feita de alertas, explicação de dietas, entre outras iniciativas) com que o mesmo estava a ser implementado. Ainda que com um acréscimo da prática do exercício físico em relação ao ano anterior.

CPrice disse...

Querido Paulo, publiquei antes de terminar pelo que aqui volto. Em relação ao seu texto, todo ele feito do bom senso e do equilibrio que se pretenderia, dou-lhe mais uma vez os parabéns. Parece simples de colocar em prática não é? então (?) pergunto-me ..

:)

Anónimo disse...

Meu Caro Paulo,

De acordo consigo. Digo-lhe tão sómente isto: não troco os meus aninhos de infância e adolescência por esta Era da Formatação.

Anónimo disse...

Também convinha tirar dos museus todos os quadros de Rubens e pôr em lugar deles Modiglianis

ana v. disse...

Difícil e sensível este tema, além de muito atreito a exageros e totalitarismos. Concordo contigo, e acho que só com bom senso se pode chegar a caminhos menos perigosos. E mais úteis.

Beijinho

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Once,
por isso me parece uma fixação em prender os miúdos. Quanto a facilidades, sabe como é o excesso de zelo...

Meu Caro Mialgia,
nem quero pensar o que teria sido do rebelde bem comportado que eu era sem as férias de cinco meses, os horários pouco carregados e os furos que diminuíram a minha inflicidade. Além da inexistência de dietas forçadas. Creio que, com o actual regime, me teria suicidado e, para variar em relação à maioria dos adolescentes, com razão.

Ah sim, Caro Rudolfo, o Exemplo, o Exemplo!

Querida Ana,
é o que parece faltar, de todo. Que pais separados se mostrem muito ciosos dos rebentos, t~em a desculpa da marcação do território que eles são, contra os avanços do cônjuge caído em desgraça. Agora a Escola-Galinha?
Beijinhos e abraços

Maria de Fátima Filipe disse...

Querido Paulo, vou discordar completamente de si. Embora não tenha qualquer competência na área escolar, considero que é fundamental criar hábitos de exercício físico nas nossas crianças e adolescentes. A obesidade é uma problema de saúde pública sim.

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

ora,ora, as crianças brincam e correm nos recreios das escolas quanto baste, estrafegam-se todas. a culpa é mesmo dos hábitos alimentares e da compulsividade com que comem o que engorda. batatas fritas, hamburgers,etc.

mas é verdade o que diz, querido Paulo, a insistência no tema é tão grande que se não procvocar o efeito contrário, é ter sorte...

há crianças com vergonha das mães porque as mesmas estão gordas.

Luísa A. disse...

Estou inteiramente de acordo consigo, Paulo. Uma coisa é os adultos controlarem, discreta, mas firmemente, a alimentação dos miúdos. Outra bem diferente é encherem-nos de complexos. Quanto à ginástica nas escolas, é um tema que tem o condão único de me pôr fora de mim. Compreendo e aprovo a sua obrigatoriedade nos programas, mas não compreendo e desaprovo, vivamente, a atribuição de notas: primeiro, porque há crianças com pouco jeito e pouca desenvoltura… Muitas vezes, por questões físicas tão simples como a miopia: uma rapariga de óculos só por milagre não é fraca a jogar futebol! Segundo, porque as classes são mistas e os critérios acabam, invariavelmente, por se centrar no padrão masculino. Pior do que tudo, os professores de educação física são, em geral, os mais exigentes e intransigentes de todo o corpo docente. E tudo se desequilibra... :-(

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Ariel,
mas quem é que é contra a educação física nas escolas? Um fanático de Desporto como eu, jamais (e não me chamo Lino). O que verbero é este tipo de programas, direccionados contra uma característica física muitas vezes independente da vontade. E sempre apto a criar sentimentos de culpa que podem ter consequências fatais.

Penso que aí é qe está a questão, Querida Júlia, E não há como repensar a nossa sociedade, já que o modelo de oferecer em casa uma refeição decente e familiar me parece muito mais produtivo do que a anarquia do lançamento dos Miúdos às feras da oferta alimentar.

Ai, Querida Luísa, ora cá está uma coisa que eu não conheci. Classes de ginástica mistas? No meu tempo vigorava o mais estreito apartheid! Isso explica o aumento da agressividade contra as Meninas em certas escolas problemáticas onde Amigos mes dão aulas...
Beijinhos

Anónimo disse...

A rigidez da aplicação de programas ou mesmo a aplicação de qualquer programa numa Escola depende das pessoas que as gerem. Bom senso. Não ter à venda gomas, chocolates sem ser de leite etc etc... parece-me bem. Ter atenção aos exageros das crianças também. Mas qualquer actividade extra curricular é facultativa. Torná-la obrigatória um abuso. As actividades de enriquecimento curricular, da responsabilidade da gestão da escola,servem não só educar as crianças, como também para ajudar os Pais que trabalham até mais tarde . Não os impede de em casa ajudarem os filhos. Não sou católica e nas escolas que "oriento" a igreja tem um papel importante de aulas a todas as classes e anos.- Ed Moral ou religiosa-ou ed Cívica? Os principios básicos são comuns e a Igreja tem uma longa experiência nests campo- formação de valores. Qualquer Escola, com um C.E. com bom senso entende que precisa de parcerias com todas as Instituições da zona, de um bom relacionamento com a associação de Pais e de alunos. Todos juntos na planificação e execução de um Projecto Educativo,tornam a Escola mais forte, mais segura.
Infelizmente ainda há excepções a este modelo de gestão que me parece o mais adequado.
Ao contrário do se possa pensar ,A Escola não pede poder. Ganha!
Ana T.

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Ana T,
concordo com todas as Suas posições, a começar pela eliminação das maquinetas que vendem comida nociva Claro que as actividades extra-curriculares nada têm de reprovável, desde que dentro de um espírito de cooperação como o que refere. Sinto, porém, que do Poder vem uma vontade de concorrência, transpirando das tomadas de posição que não ajudam as iniciativas não-estatais. O que me parece afastado do bom senso que refere é a diabolização de uma característica física, transformada em inimigo, que está longe de ser o mesmo que o ensino de uma alimentação equilibrada, ou até de exercícios, doce e genericamente inoculados, que tornem m,ais saudável a vida.
Beijinho