África, Europa, Ásia
O mar não era forçosamente o Sumo Separador: em matéria de continentes, Valéry não se cansava de dizer que a Europa era um cabo da Ásia. Mas, no nosso imaginário, enraizou-se a ideia do Oceano como barreira, ainda antes do surgimento em força da importância das Américas, porque a acessibilidade à Índia, China e Japão fez da descoberta do caminho marítimo uma espécie de autoestradas cavaquistas, tomando como paralelo o interior do País. Por isso me faz pena que não haja sido associada a esta notícia a obra de Blake que representa Mulheres dos três Continentes nuas e entreligadas, uma imagem da aproximação que se pode tornar realidade. Não creio que as dificuldades de Engenharia o inviabilizem, desde que haja vontade política. E neste campo muito mais dificultosa era a escavação da Mancha...
O mar não era forçosamente o Sumo Separador: em matéria de continentes, Valéry não se cansava de dizer que a Europa era um cabo da Ásia. Mas, no nosso imaginário, enraizou-se a ideia do Oceano como barreira, ainda antes do surgimento em força da importância das Américas, porque a acessibilidade à Índia, China e Japão fez da descoberta do caminho marítimo uma espécie de autoestradas cavaquistas, tomando como paralelo o interior do País. Por isso me faz pena que não haja sido associada a esta notícia a obra de Blake que representa Mulheres dos três Continentes nuas e entreligadas, uma imagem da aproximação que se pode tornar realidade. Não creio que as dificuldades de Engenharia o inviabilizem, desde que haja vontade política. E neste campo muito mais dificultosa era a escavação da Mancha...
Depois de terem resistido à concorrência dos aviões, estará reservado às extensões aquáticas de água salgada o mero papel de referências de exílios interiores sonhados?
18 comentários:
"my business is to create" .. dizia :) .. "coisa" que nos vem faltando.
Para obras faraónicas chamem o ministro Jamé. Desbloqueia o problema em menos de um fósforo.
Caro Paulo,
Antes de mais gostava de felicitá-lo pelo seu retorno, após este seu interregno (incluindo a passagem pelo Corta-Fitas), desejando-lhe também o maior dos sucessos para esta sua nova casa.
Sobre o túnel e caso este venha a ser realmente concretizado, acredito estarmo-nos a meter numa belíssima alhada! Até já estou a ver o novo Tariq ibn Ziyad a avançar Península adentro. Aliás, o próprio Ministro dos Transportes marroquino já fez questão de dizer: «é claramente desejável que Marrocos e a África se juntem à Europa por uma ligação fixa.»
Um abraço.
Vai ser lindo para controlar os fluxos migratórios!
Mal me distraio, descubro que escreveste mais três posts... não acompanho o teu ritmo, sabes? (nem o teu raciocínio, mas isso já é outra história!)
Vi outro dia um documentário sobre um túnel que engenheiros japoneses estão a construir sob o Bósforo, uma das zonas de maior actividade sísmica que se conhece (onde, inclusivamente, se guerreiam duas poderosas placas tectónicas). Ou seja, um investimento brutal para uma obra de altíssimo risco, e tudo isto para atravessar uma distância mínima como é a largura do Bósforo... pergunto-me para quê, e se uma simples ponte não faria o mesmo serviço com riscos infinitamente menores...
Uma simples ponte era vulgar, e os homens necessitam de obras grandiosas para desafiar os deuses...
Será que as caravelas ainda andam por aí e que as podemos reciclar para elementos subaquáticos, tipo resorts de luxo em tempo de crise?
Claro que uma ligação firme entre a Europa e África – sem o filtro da Ásia (Próximo Oriente) – pode aproximar-nos muito de focos migratórios e até terroristas. Mas, por outro lado, Paulo, agrada-me a ideia de poder ir a Marraquexe e gozar o «luxo» marroquino sem ter de recorrer aos famigerados aviões ou aos agoniantes barcos. Estou nessa! ;-)
Nisso o Blake era mestre, Querida Once!
Meu Caro Mialgia,
dê-lhe ideias, dê. Se ele O lê, não tarda a apresentar o plano de uma extensão do TGV até mais esse buraco!
Meu Caro Reaccionário,
fiquei agora a saber desta transformação (apenas facial) do DemoKrata. Vou já linká-Lo.
Quanto à vaca fria, prossigamos a escalada: quem sabe se isso não virá a constituir pretexto para defender a entrada marroquina na UE? Se uma nesga de terra, embora com uma cidade invulgar, serve para a Turquia...
Meu Caro Profeta,
por um lado, até seria mais fácil inserir a válvula ao fim da ligação, ou uma rolha, sendo caso disso. E evitar-se-iam as tragédias humanas dos afogamentos. Agora, era preciso, para tanto, que funcionasse como alternativa, não cumulativamente...
Querida Ana,
e com riscos ainda menores as travessias por barcos, que tantas vezes empreendi, de Algeciras para Tanger.
Quanto à minha verborreia, já estavas desabituada, heim? Tanto me reprimi no blogue colectvo...
Querida Grande Jóia,
ehehehehehe, quem sabe uma grande cidade subaquátiba, protegida por redoma transparente, estabelecendo a ligação. Não custa sonhar...
Querida Luísa,
a Minha Amiga não sofreu a violência de uma infância a bordo de um barquito de recreio que balançava mais do que as ancas da Marilyn Monroe e tresandava a óleo, como foi o caso deste Seu admirador. Fiquei vacinado. Mas há uns comprimidos muito bons...
Beijinhos e abraços
Ia mesmo agora incomodar a sua caixa de correio electronico, aquela que se apresentava na sua antiga "casa", quando para minha alegria vejo um novo post que me traz uma boa nova: o nosso Réprobo continua cá!
Meu caro Paulo, não sabe o que a blogosfera perderia se se fosse embora? Fique por favor que eu já não sei viver sem estas leituras.
Bem sei que tenho longas ausencias de postagens, mas são as obrigações da vida académica que me obrigam a isso, e aliás, que relevância tem isso? O que escrevo não é de grande qualidade ou importância, e tudo isto vem a propósito de o informar que, para que saiba, eu não escrevia mas lia, porque apesar do pouco tempo disponivel, não deixei de passar pelas referências blogosféricas, no meio das quais se encontrava claramente o Afinidades, para actualizar leituras sempre instrutivas.
Meu caro, ainda bem que por aqui ficou. Aliás já andava a ler o blog do centenário da república a ver se sabia noticias suas.
E cá estarei mais vezes a ler o que vai escrevendo, se não se importar é claro...
Um Abraço
Caro Réprobo,
é bom vê-lo de volta.
abs.
Querido Paulo,
Tem lá um Prémio no Privilégios pelo seu contributo na blogoesfera :-)
Meu Caro Lory Boy,
de facto, o Amigo posta tão pouco que pensava que nos tinha deixado, blogosfericamente falando, claro. De castigo, vai já para a Coluna da Direita. Bem-Vindo!
Caro Anónimo,
bom é ver que somos estimados.
Querida Júlia,
vou já espreitar.
Beijinhos e abraços
Meu caro,
sabe como são as férias e o regresso à vida activa!
Mas já voltei as postagens, e a alguns projectos que tenho.
Informo também que também este seu novo blog já conta na minha coluna da direita!
Um abraço
Caro Paulo, sou um acérrimo defensor do fim dos estreitos. Largueza, meu Caro, o que precisamos é de largueza.
Abraço.
E saiba que o link colocado no afinidades que nos redirecciona para esta página está a dar erro, porque o link tem um "http://" a mais.
Espero que se entenda o que digo!
Ou seja, em vez de virmos ter a
http://muitacautela.blogspot.com/
olink leva-nos para
http://http://muitacautela.blogspot.com/
Obrigadíssimo, Meu Caro Lory Boy, pela linkagem e pelo reparo. É grande peazer tê-Lo de volta.
Meu Caro Mike,
mas há abraços estreitos que são compensadores...
Touché. Oh se há!
Ehehehehehe!
Ab.
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