quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Inflação de Especialistas

Não é má vontade de comentador, é uma decisão de tribunal superior. A contratação de actividades periciais expressa em estudos e pareceres atingiu as proporções da enormidade. Nem é já, para além das mãos largas, o protelamento das obras e acções que o Estado se propõe realizar, motivado por infindáveis preparações, o que merece mais crítica. É, antes, a degradação da qualidade de um funcionalismo, que não integra os crânios necessários à apreciação que se encomenda por fora. Com a inerente duplicação de contrapartidas pecuniárias.
O mal nem é tanto estudar demasiado, é a necessidade de recorrer ao estudo de outros. Curto e grosso, não se lamenta tanto que os nossos organismos sejam marrões, mas, mais, que sejam cábulas com necessidade de repousar nos testes dos vizinhos.

10 comentários:

Ka disse...

E o mais extraordinário é que muitos dos estudos foram encomendados só porqe sim, sem qualquer razão específica para tal...:S

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

é uma vergonha...um descalabro.

Anónimo disse...

E no OE para 2009 lá consta, como não podia deixar de ser, uma fatia de 135 milhões destinada a Estudos, Pareceres, Derivados, Correlativos e seus Sucedâneos. E se pensarmos que muitos destes trabalhos são encomendados com uma preferência pré-definida alguns deles nem chegam a ser extenuantes. E a maioria podia e devia ser executada pelas estruturas do adjudicante.

E isto sucede-se, ano após ano. Há poucas semanas o Sol(?) apresentava a lista dos benficiários do costume. E no sector da construção a situação é semelhante. São empresas, alegadamente privadas, mas que não passam sem o Plano de Obras Públicas do Estado.

"O mal nem é tanto estudar demasiado, é a necessidade de recorrer ao estudo de outros."

Gostei do eufemismo, Paulo.

Abraço.

Anónimo disse...

Eu sempre gostava de saber o nome da misteriosa entidade a quem foram adjudicados 87 trabalhos, num valor superior a 1 M de euros, representado 3,56% do total...

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Ka,
não Se deixe enganar, não é só genuína crença de que decidir bem obriga a investigações exaustivas. Muito disso se deverá ao facto de, enquanto se nomeia comissões, contrata peritos e se recorre a relatórios externos, pode-se fazer mais coisa nenhuma, optar por soluções, inclusivamente.

Querida Júlia,
é tudo isso, um empate contínuo, quer de capitais, quer da acção pública...

Mas não é, Caro Mialgia?
E estou cem por cento de acordo com a ideia de que muitas destas preparações poderiam, ou deveriam poder, ser levadas a cabo internamente. Pelo aproveitamento racional dos recursos humanos que estão disponíveis deveria começar a reforma relativa à fracção superior da Função Pública. Mas um escritoriozinho ao lado faz muito mais vista. E desresponsabiliza, já se sabe.

Ora, Meu Caro TSantos, mesmo que se venha a descobrir que é propriedade ou objecto de gestão de algum próximo dos governantes envolvidos na escolha, será sempre repisada a "indiscutível competência técnica"...
Beijinhos e abraços

Luísa A. disse...

Resta saber, Paulo, se a compra desses serviços pelo Estado se deve apenas à necessidade de suprir faltas de pessoal próprio competente ou ao «interesse» em adiar decisões ou desresponsabilizar decisores, se não é também uma forma de ir comprando algumas cumplicidades e alguns silêncios. Há por aí uns «consultores» tradicionalmente rebeldes que vejo muito domesticados. ;-D

Paulo Cunha Porto disse...

Querida Luísa,
não tenho dúvida de que a distribuição de encomendas funciona do Poder para os particulares como o suborno dos comuns mortais para os titulares daquele. É o boomerang da compra, apenas branqueado por quem detém as chaves da lei 8propositadamente com minúscula).
Beijinho

Anónimo disse...

O que eu gostaria de saber é como se justifica a "indicutível competência técnica"...E quem avalia isso...

Paulo Cunha Porto disse...

Mas não está na cara, Caríssimo TSantos? Encomenda-se outro estudo, para apurá-lo!
Abraço

Anónimo disse...

LOL!

Ab
T