Nunca, até agora, havia participado na aquisição de um presépio, pois aquele que na infância me entretinha a montar, com os meus Pais, tinha sido comprado antes de eu poder sequer opinar. Acabei hoje por preencher essa lacuna; e o resultado é mais uma acha para a fogueira dos compreensíveis lamentos que povoam a blogosfera, acerca da perda do sentido sagrado da representação.
Na casa comercial aonde nos dirigimos ostentavam as paredes letreiros chamativos e de dimensão adequada, em que se dizia estarem em promoção de 20% as árvores de Natal e restantes peças de decoração natalícia. Como se a subalternização não bastasse, tendo este Vosso servidor perguntado, pensando fazê-lo por mera formalidade, se os presépios também eram abrangidos, recebeu a resposta que nos deixou boquiabertos, por parte da balconista, aliás simpática: não sei, vou perguntar. Foi de tal forma que Quem comigo se encontrava não resistiu a explicar que entrava muito mais na categoria anunciada a recriação do nascimento do Menino, do que o vegetal, que, embora entretanto enraizado, como lhe convém, ao menos nos costumes, seria de extracção pagã.
Consultado quem de direito, verificou-se que estava incluído na iniciativa embaratecedora, o que nos deixou perante uma remanescente dificuldade - optar por um de Figuras mais elegantemente talhadas, mas reduzido à Sagrada Família e aos animais, ou eleger outro, um pouco menos feliz artisticamente, mas com Reis e Pastores. Na dúvida insanável, trouxemos os dois. E levei o pensamento para a tradição medievo-renascentista italiana de juntar miniaturas das figuras gradas da cidade como sinal de devoção. Mas a (im)piedade nunca me faria colocar o Sr. Sócrates, por exemplo, junto de réplicas dos Elementos de Adoração, nesta polis hipertrofiada que nos calhou.
Na casa comercial aonde nos dirigimos ostentavam as paredes letreiros chamativos e de dimensão adequada, em que se dizia estarem em promoção de 20% as árvores de Natal e restantes peças de decoração natalícia. Como se a subalternização não bastasse, tendo este Vosso servidor perguntado, pensando fazê-lo por mera formalidade, se os presépios também eram abrangidos, recebeu a resposta que nos deixou boquiabertos, por parte da balconista, aliás simpática: não sei, vou perguntar. Foi de tal forma que Quem comigo se encontrava não resistiu a explicar que entrava muito mais na categoria anunciada a recriação do nascimento do Menino, do que o vegetal, que, embora entretanto enraizado, como lhe convém, ao menos nos costumes, seria de extracção pagã.
Consultado quem de direito, verificou-se que estava incluído na iniciativa embaratecedora, o que nos deixou perante uma remanescente dificuldade - optar por um de Figuras mais elegantemente talhadas, mas reduzido à Sagrada Família e aos animais, ou eleger outro, um pouco menos feliz artisticamente, mas com Reis e Pastores. Na dúvida insanável, trouxemos os dois. E levei o pensamento para a tradição medievo-renascentista italiana de juntar miniaturas das figuras gradas da cidade como sinal de devoção. Mas a (im)piedade nunca me faria colocar o Sr. Sócrates, por exemplo, junto de réplicas dos Elementos de Adoração, nesta polis hipertrofiada que nos calhou.
6 comentários:
Ai, cá em casa fazemos sempre um presépio tão lindo, com pastores, ovelhas...; não também não precisamos de mais bestas: basta o burro que aqueceu o Menino- outro que viesse só gelaria o ambiente...
Beijo
Adoro presépios. Todo ano montava com papai um que ficava num canto especial de uma das salas de estar. Me deu saudades, agora...
Beijos!
O início do meu Natal de criança, era no primeiro sábado de Dezembro, em que iamos todos apanhar o musgo para o presépio.
E era sempre uma novidade o desembrulhar dos papéis onde estavam as figuras e sempre uma enorme expectativa ver a quem calhava o menino Jesus.
Eu e as minhas irmãs partimos em bocados, uma por uma, as figuras de um maravilhoso presépio muito antigo, de Extremoz... porque tudo o que queríamos era um "normal", como toda a gente tinha, e não aquele menino Jesus num sofá com galinhas, um S. José de olhos pestanudos e uma Nossa Senhora de botas. Resultado: os meus pais ficaram tristíssimos (e com toda a razão) e nós radiantes, com um presépio pintado comprado na papelaria da esquina!
Hoje em dia aquele presépio de Extremoz valeria uma fortuna...
Cá em casa também prezo mais o Presépio que a Árvore, e só com as figuras principais.
Ai, Cristina, essa está fantástica. E por falar em ovelhas, além da negra que terá em mente, estamos todos em vias de sair tosquiados.
Imagino o espectáculo da Vossa réplica do Nascimento do Salvador.
Querida Marie,
e que tal voltar a montar um, como ritual de tributo a Memórias tão doces?
Querida Patti,
ir apanhar o musgo não devia ser pequena excitação. Por acaso não terá passado na loja algum dos Seus concorrentes? É que no presépio que primeiro vimos faltava, justamente, o Menino, fanado por algum frequentador menos escrupuloso...
Ai, Ana, que pestes mais bárbaras! Havia de ser comigo, não haveria espírito natalício que impedisse umas nalgadas memoráveis!
Por acaso não foram aliciadas para a destruição pelo dono da papelaria, quiçá com rebuçados?
Querida Gi,
claro que são o Essencial. Mas gosto dos Reis e dos Pastores, porque testemunho da Adoração e mais resistentes do que os viventes, incapazes de permanecer acordados e concentrados 24 horas...
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