Um cavalheiro chamado Michael Renfro depositou em juízo uma
acção cível contra os sucessores de Magritte, pedindo uma indemnização de quinze milhões de dólares pelo que considera ter sido uma apropriação ilegítima da sua imagem em
O Filho do Homem, acima, com a aparência de uma maçã colada à cara, sustentando que a arte do grande Belga se resumiria ao foto-realismo e que poderia tê-lo captado nos anos 1960´s, em Bruxelas, quando lá estivera, a comprar um coco e um sobretudo.
Não conheço a petição incial elaborada pelo ilustre mandatário do Autor, mas seria caso para ter invocado o quadro ao lado, em que a negação ganharia um alcance mais lato do que aquele que os críticos reconhecem, o do truísmo desvanecido que lembra não ser a representação pictórica o próprio fruto retratado.
Todavia, não parece poder ser-lhe dado ganho de causa. Provou, com esta iniciativa, ser um
verdadeiro maduro e o vegetal que lhe serve de rosto está tão verdinho como aquele que ficou imortalizado na tela, um caso biologicamente muito problemático de conservação.
Das duas uma, ou lembrando-se do isco lançado pela Cobra a Eva, tentou dar uma dentadinha no que lhe proporcionaria a imortalidade, pelo minuto de fama que os
Media lhe concederam, ou como comensal (a)bancando, noutra chapa célebre do mesmo objecto,
As Belas Realidades, experimentou conferir-se alguma participação no Belo. Num e noutro caso seria tentar tomar o Desejo pelo Real. E Magritte teria gostado disso.